António Sargento, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS) afirmou à agência Lusa que “a partir do dia 03 de janeiro, devido ao momento [de pandemia] que vivemos, há dificuldades em garantir médicos para assegurar as escalas” das urgências de madrugada.

Por isso, a partir de segunda-feira, as urgências do hospital vão fechar entre as 00:00 e as 08:00, acrescentou.

O provedor disse não ser possível prever por quanto tempo as urgências irão permanecer fechadas durante a madrugada, mas frisou que a SCMS e o conselho de administração do hospital “farão todos os esforços para inverter o mais rápido possível a situação” e reabrir o serviço naquele período.

António Sargento disse que a SCMS, a administração do hospital e o Estado português, “que é parceiro”, através do Ministério da Saúde e da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, tentaram “encontrar uma solução para a escala médica” da madrugada, mas não conseguiram “porque não há médicos”.

“A região já é complexa no que respeita a recursos humanos qualificados e a pandemia em nada tem ajudado”, frisou.

O provedor realçou que “Serpa, infelizmente, não é caso único”, porque, devido à evolução da pandemia, “há uma dificuldade enorme” para conseguir médicos para assegurar períodos de escala em vários hospitais do país.

“Por mais esforços que todos façamos, não temos, neste momento, recursos humanos para fazer face àquilo que são as necessidades, infelizmente não só em Serpa, mas também noutros hospitais do país”, sublinhou.

O provedor explicou que “nenhum” dos médicos que costumam assegurar as escalas das urgências do Hospital de São Paulo “é prestador de serviços da SCMS em exclusividade”, já que “todos fazem escalas em vários hospitais”.

“É um momento crítico que todos temos que ultrapassar da melhor forma e tentar todas as soluções”, disse, insistindo que a SCMS “tem feito todos os esforços na tentativa de se encontrar uma solução para o problema”.

Já durante a semana, em nota de imprensa o município de Serpa afirmou que este é “um problema recorrente, registado por diversas vezes nos últimos anos, e que, mais uma vez dá razão à posição defendida pela Câmara Municipal de Serpa: é necessário e urgente o retorno e integração do Hospital de São Paulo, no Serviço Nacional de Saúde”. Para a autarquia serpense “só um serviço de saúde público, universal, geral e gratuito poderá garantir o direito à saúde da nossa população”.

A Comissão de Utentes de Serviços Públicos do Concelho de Serpa também, em nota de imprensa, criticou esta medida e defendeu que “este hospital deveria ter gestão pública” e estar “inteiramente integrado no SNS”.

A Comissão de Utentes afirmou que “temos assistido a uma degradação dos serviços de saúde no concelho, sendo este mais um lamentável episódio no filme de terror que se converteu a saúde neste território” e garantiu que irá “desenvolver todas as ações, no sentido da manutenção das urgências 24 horas”.

Também a Direção Regional do Alentejo do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou “inadmissível que uma entidade privada que gere uma instituição do SNS decida encerrar um serviço público, prejudicando, assim, as populações que o Hospital serve” e defendeu que “a única alternativa é a ULSBA / ARS voltar a gerir o Hospital, como acontecia antes do Acordo de Cooperação”.

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