Montado da Serra de Serpa reconhecido como Património Agrícola Mundial
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) atribuiu oficialmente ao Sistema Agrosilvopastoril do Montado da Serra de Serpa a distinção de Sistema Importante do Património Agrícola Mundial (SIPAM), elevando-o a um dos mais relevantes exemplos mundiais de agricultura tradicional e sustentável.

Este é apenas o segundo território em Portugal a receber esta classificação, juntando-se ao Sistema Agro-Silvo-Pastoril do Barroso, reconhecido em 2018. A distinção agora atribuída destaca o montado da Serra de Serpa como um modelo exemplar da agricultura mediterrânica de sequeiro, assente na resiliência ecológica, na gestão sustentável dos recursos e na valorização dos saberes locais.
A candidatura foi promovida pela Rota do Guadiana, em parceria com a Câmara Municipal de Serpa e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, IP), contando com a colaboração do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP).
O espaço geográfico reconhecido, com 621,5 km² e uma população residente de 7.346 habitantes, é caracterizado por práticas agrícolas adaptadas às condições edafo-climáticas do território, integrando uma gestão equilibrada entre agricultura, silvicultura e pastorícia. O sistema destaca-se ainda pela sua elevada biodiversidade, pela riqueza dos seus valores paisagísticos e patrimoniais, e pelo papel central que desempenha na segurança alimentar local e na preservação da identidade rural.
O reconhecimento pela FAO é, assim, um tributo às gerações de agricultores e pastores que, com resiliência e conhecimento, souberam preservar, adaptar e valorizar este território único do Baixo Alentejo.
O que é um SIPAM?
SIPAM é o acrónimo de Sistema Importante do Património Agrícola Mundial, uma distinção atribuída pela FAO a territórios agrícolas que combinam:
- práticas tradicionais sustentáveis;
- elevada biodiversidade;
- conhecimentos locais e ancestrais;
- paisagens culturais únicas;
- e uma organização social que assegura a subsistência das comunidades rurais.
Estes sistemas são reconhecidos como exemplos vivos de resiliência e inovação local, preservando modos de vida que garantem a produção de alimentos em equilíbrio com o ambiente.