JOBS FOR THE BOYS

Nos últimos dias têm sido inúmeras as reportagens jornalísticas, a propósito de uma nomeação governamental para um alto cargo da administração pública. O nomeado foi Tiago Preguiça, e o cargo é o de Diretor geral da Segurança Social.

A polémica que se instalou terá a ver com o facto da pessoa em apreço, ter apenas como dado mais relevante no seu currículo, ter pertencido à JS, e a partir daí ter saltitado de nomeação em nomeação pelos corredores do poder socialista. O costume.

A prática não sendo nova, traduz uma das mais inquietantes realidades da nossa sociedade, em que um conjunto de pessoas, geralmente oriundas das juventudes partidárias, (leia-se JSD e sobretudo JS), quase sempre com uma lealdade canina aos líderes regionais dos partidos, chega a lugares de topo na administração pública, sem a mínima preparação técnica, científica, e por vezes política. E o político aqui, não se refere obviamente ao sentido partidário do termo, mas sim o que o mesmo representa em termos de ideia da “coisa pública” num determinado setor.

Tenho a opinião de que tudo isto não inquietará muito os portugueses. Alguns até acharão normal. Eu não acho e fico incomodado. Talvez este tipo de decisões, justifique depois alguma incapacidade do aparelho do Estado em dar resposta a questões mais estruturais ou mesmo a aspetos de gestão corrente.

Por exemplo, alguém me dizia outro dia, que no pós pandemia, alguns serviços da administração pública, por exemplo as Repartições de Finanças, deixariam de estar abertas ao público como sempre estiveram. Que esta experiência de atendimento presencial mediante marcação prévia que está a decorrer durante o Covid 19, veio para ficar.

A concretizar-se, esta medida será a antecâmara de outras como por exemplo o atendimento on-line exclusivo a partir de uma qualquer call-center, que inevitavelmente, irão levar á extinção de muitos serviços. A acontecer, isso representará o fim de mais uns milhares de postos de trabalho e, esperemos que não, de mais uns quantos serviços públicos.

Fiquei a pensar que, porventura, esta decisão terá sido tomada por um qualquer boy que não sabe sequer o que é pendurar um pendão num poste de eletricidade. Talvez. Medidas destas só podem ser concebidas pelos crânios dos preguiças deste país.

Mértola, 23 de abril de 2021

 

Miguel Bento

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