A Universidade de Évora (UÉ) anunciou hoje, em comunicado enviado à agência Lusa, que o projeto de colaboração transfronteiriça, intitulado FIREPOCTEP, foi recentemente aprovado e financiado pelo programa comunitário INTERREG.

“Este é um projeto de colaboração transfronteiriça entre Portugal e Espanha para fortalecer os sistemas comuns de prevenção e extinção de incêndios rurais e para melhorar os recursos para a criação de emprego em espaço rural” no período pós-covid-19, explicou a academia.

No âmbito da iniciativa, coordenada por Rui Salgado, investigador do Instituto Ciências da Terra (ICT) da UÉ, a universidade alentejana vai “abordar aspetos relacionados com a adaptação às alterações climáticas, através da prevenção e gestão da paisagem suscetível a grandes incêndios”.

A UÉ “vai reforçar os sistemas transfronteiriços de prevenção e extinção de incêndios florestais e identificar as zonas estratégicas de gestão para minimizar o risco e a severidade” destes fogos “através da gestão agrossilvopastoril”, destacou.

Os investigadores vão procurar responder a perguntas como quais os impactos que “podem resultar das alterações climáticas na Península Ibérica nas próximas décadas” ou as “áreas mais propensas à ocorrência de grandes incêndios rurais” e “de que forma estes eventos extremos afetam as comunidades locais”.

A equipa da UÉ vai recorrer a projeções climáticas, à análise de dados e a índices de perigosidade de incêndio rural.

A diversidade microbiana dos solos afetados pelos fogos ocorridos no período de maior severidade meteorológica e pelas queimas prescritas (ou controladas), para que aquela se possa ser um “biomarcador do efeito do fogo no solo”, vai merecer especial atenção dos investigadores.

O fogo prescrito “é uma das soluções mais eficazes a curto prazo para a redução do combustível existente na paisagem”, mas “existem muitas dificuldades dos operacionais na implementação desta técnica e falta de confiança na sua aplicação”, argumentou.

“Estudar o impacto do fogo prescrito nos sistemas ecológicos e, particularmente, o impacto sobre a componente microbiológica do solo (diversidade microbiana), assim como comparar estes resultados com os obtidos em incêndios ocorridos em pleno verão, é essencial para a avaliação desta solução e para ajustar as ‘janelas de prescrição’”, defendeu a academia.

Através da seleção de áreas recentemente queimadas e do “uso de inovadoras ferramentas moleculares” para caracterizar “os perfis filogenéticos de bactérias e fungos” nas zonas selecionadas, a que se junta o sequenciamento massivo, “serão determinadas ainda as correlações entre a diversidade microbiana e parâmetros físicos e químicos dos solos estudados”, explicou.

A par da investigação científica, o projeto aposta na formação e sensibilização da população rural, formalização de um espaço de encontro entre universidades, investigadores e especialistas para impulsionar projetos comuns e na capacitação dos operacionais para facilitar a intervenção em ambos os lados da fronteira.

Com um orçamento de quase 127 mil euros, dos quais 95.175 vindos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), a academia alentejana tem envolvidos no projeto, além do ICT, investigadores do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), Laboratório HERCULES e do Centro de Investigação em Matemática e Aplicações (CIMA).

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