A Vasp – Distribuição e Logística, S.A., única empresa responsável pela distribuição de jornais em Portugal, informou no início do mês que está a avaliar a necessidade de rever as suas rotas diárias em vários distritos do interior, entre os quais Beja. Em causa está a sustentabilidade económica de percursos que, segundo a empresa, geram prejuízo.

Em declarações à agência Lusa, Cláudia Maia sublinhou que, a avançar, a medida não implicará necessariamente o fim total da distribuição, mas poderá afetar seriamente a regularidade da chegada dos jornais aos leitores. “Se um jornal diário não chega todos os dias, o leitor perde interesse na subscrição e deixa de ter informação atualizada”, advertiu, classificando o cenário como “muito grave”.

No caso do distrito de Beja, a presidente da APImprensa salientou que a redução da distribuição teria efeitos particularmente negativos, agravando o isolamento informativo das populações. Apesar de reconhecer que a Vasp, enquanto empresa privada, “tem de ter rotas que não podem dar prejuízo”, defendeu que esta realidade reforça a necessidade de intervenção pública e de maior concorrência no setor.

A responsável recordou que o apoio à distribuição de jornais e revistas em zonas de baixa densidade era uma das medidas previstas no Plano de Ação para a Comunicação Social apresentado pelo Governo em outubro de 2024. Contudo, mais de um ano depois, “nada aconteceu”. Também o anúncio governamental de um concurso público internacional para atrair novos operadores para o mercado da distribuição permanece, segundo Cláudia Maia, sem desenvolvimentos conhecidos.

A dirigente associativa apontou ainda críticas à distribuição porta-a-porta assegurada pelos CTT – Correios de Portugal, afirmando que desde 2016 não cumprem os critérios de qualidade exigidos para a entrega de jornais. “Um jornal diário tem de ser entregue no dia seguinte e isso não acontece de forma sistemática”, afirmou, acrescentando que os atrasos afastam anunciantes e fragilizam ainda mais a sustentabilidade económica dos títulos.

Embora alguns jornais tenham optado por soluções alternativas, como a distribuição própria, Cláudia Maia considerou que essa opção é pouco viável em territórios como o distrito de Beja, onde as distâncias e os custos tornam o modelo insustentável.

Perante este cenário, a APImprensa apelou ao Governo da República Portuguesa para que cumpra os compromissos assumidos e avance com um concurso público que introduza concorrência no setor. Para a presidente da associação, o eventual recuo na distribuição de jornais “nega um direito constitucional, o direito à informação”, com consequências diretas na coesão territorial e no funcionamento da democracia. “Onde não há informação nem escrutínio, as populações ficam mais isoladas e a democracia sai fragilizada”, concluiu.

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.