Évora 2027 com "progressos notáveis" mas tarefas pendentes preocupam peritos europeus
Um painel de peritos da Comissão Europeia considerou que a Capital Europeia da Cultura (CEC) Évora 2027 registou “progressos notáveis”, mas manifestou preocupação com o “cronograma de implementação comprimido” e “o número de tarefas importantes ainda pendentes”.

Foto: Évora 2027
Estas são algumas das conclusões do painel de peritos no segundo relatório de monitorização da CEC Évora 2027, datado do dia 22 deste mês e consultado pela agência Lusa na página de Internet da Comissão Europeia.
“Évora 2027 registou progressos notáveis desde a primeira reunião de acompanhamento, particularmente na constituição da sua equipa principal, aperfeiçoamento do programa artístico e estabelecimento de parcerias nacionais e internacionais”, notou.
Estes peritos realçaram que a associação gestora da CEC Évora 2027 “demonstrou resiliência e adaptabilidade” na forma como lidou com os “atrasos iniciais causados por mudanças na liderança e pela reestruturação administrativa”.
“A nomeação dos diretores executivo e artístico, bem como a gradual operacionalização de mecanismos essenciais, como o acompanhamento, os concursos públicos e as comunicações marcam pontos de viragem importantes”, frisaram.
No entanto, o painel admitiu ver com “preocupação o cronograma de implementação comprimido e o número de tarefas importantes ainda pendentes nesta fase”.
Entre as preocupações dos especialistas, estão questões relacionadas com “a contratação, finalização do financiamento, entrega de infraestruturas e envolvimento significativo da comunidade e da Europa”.
“O compromisso das autoridades públicas, incluindo o apoio político a nível nacional, proporciona uma base sólida, mas deve agora traduzir-se numa aceleração da execução em todas as frentes”, sublinharam.
Assinalando que vários projetos previstos no ‘bidbook’ foram concluídos, estão em curso ou a ser financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência, os peritos europeus notaram que outros também incluídos “continuam sem financiamento ou com atrasos”.
É o caso do Centro Cultural de Utilizações Múltiplas e do Centro Nacional de Dança Contemporânea, salientaram, indicando que a equipa da associação identificou como alternativas a utilização de espaços existentes, como a Arena, ou de locais temporários.
A Associação Évora 2027 “está também a preparar estratégias de contingência para lidar com atrasos, incluindo 'listas B' de projetos adaptáveis e infraestruturas portáteis”, sublinharam.
O painel revelou ter questionado o cronograma para a contratação, já que “85% dos projetos permanecem em fase de pré-contratação”, tendo a equipa da associação respondido que todos os contratos serão assinados até setembro deste ano.
Já o programa completo será anunciado em setembro de 2026, adiantou.
Quanto às parcerias internacionais confirmadas, a equipa indicou aos peritos colaborações com a Ars Electronica (Linz, Áustria), iMAL (Bruxelas, Bélgica), Bienal de Dança de Lyon (França) e outras CEC, como Liepaja (Letónia) e Tartu (Estónia).
“No entanto, algumas parcerias mencionadas não eram verificáveis”, frisou, no relatório, o painel de especialistas.
Na parte financeira, também é assinalado no relatório que os “10,5 milhões de euros garantidos pelo município ainda não foram transferidos para a associação e continuam em discussão entre as duas entidades”.
O painel destaca a importância de envolver as organizações da sociedade civil na iniciativa e a relevância do legado da CEC para além de 2027, reconhecendo “os esforços intensos e focados da equipa”. “Évora 2027 está no caminho certo”, acrescentou.
Já a Associação Évora 2027, em comunicado enviado à Lusa, afirmou que “esta avaliação reforça a confiança no caminho construído e traduz-se na motivação para continuar o trabalho com grande sentido de responsabilidade.”