Disco do músico alentejano Tozé Bexiga cruza viola campaniça com outras sonoridades
O novo álbum do projeto RAIA, do músico e compositor alentejano Tozé Bexiga com sonoridades da viola campaniça, cruza este instrumento com outros cordofones tradicionais portugueses, eletrónica e paisagens sonoras, revelou hoje o artista.

Em declarações à agência Lusa, Tozé Bexiga realçou que o novo álbum, que foi hoje lançado, “é um disco de viola campaniça”, cuja sonoridade “tanto aparece a solo como em diálogo com outras violas de arame portuguesas, eletrónica ou com paisagens sonoras”.
“É um conjunto de diálogos e o disco vai acontecendo entre estes momentos de uma viola campaniça a solo ou com alguns objetos sonoros que incluo na música ou em diálogo com outras violas e outros músicos”, salientou.
Segundo o músico alentejano, no caso dos instrumentos de cordas, além da campaniça, também se ouvem no disco as sonoridades das violas braguesa, beiroa e toeira.
Intitulado “Uádi”, o álbum foi agora lançado pela editora Lusitanian Music nas plataformas digitais e, a partir de segunda-feira, o CD ficará disponível nas lojas.
Assinalando que 'uádi' “existe no dicionário português”, Tozé Bexiga disse que o termo significa “rio seco que enche com chuvas” e “é radical [raiz] de palavras como Guadiana, Guadalquivir, Guadarrama, que são muito comuns no sul da Península” Ibérica.
“E eu cresci a ver os ribeiros secos que enchem durante as chuvas e que nos fazem perceber que há sempre um ciclo que se renova e que nos diz que, às vezes, a morte só existe para que se possa renascer”, sublinhou.
O álbum conta com colaborações de Omiri (viola braguesa e eletrónica), Bicho Carpinteiro (violas beiroa e toeira), Fio Manta (viola beiroa e guitarra elétrica), O Gajo (viola campaniça), Thomas Attar Bellier (baixo) e Gulami (percussão turca).
Tozé Bexiga é compositor, produtor e multi-instrumentista, especialmente focado na viola campaniça, dedicando-se à música tradicional e experimental a solo com o seu projeto RAIA e nos coletivos dUAS Violas, Além Cabul, Lusitanian Ghosts e Madraça.
Natural de Évora, o músico tem vários discos editados e trabalhos em cinema, teatro, dança, circo, teatro de marionetas e performance, e é um dos compositores de “O céu do Pastor”, a música oficial da Capital Europeia da Cultura Évora_27.
É ainda o responsável pelo projeto “Voz comum”, no âmbito do cante alentejano, que vai ser desenvolvido no âmbito de Évora_27.