Associação de imigrantes organiza protesto em Odemira contra políticas do Governo
A maior associação de imigrantes do país, a Solidariedade Imigrante, promete reunir centenas de pessoas nesta sexta-feira em São Teotónio, Odemira, para protestar contras as políticas do Governo para o setor, que diz colocarem os trabalhadores nas mãos de máfias.
Depois de Lisboa e Porto, será a vez de São Teotónio, Odemira, onde há “bastantes trabalhadores agrícolas que são vítimas de exploração escrava e alguns estão em situação irregular”, afirmou à Lusa o presidente da associação, Timóteo Macedo.
“Nós condenamos muito a forma de fazer política deste Governo”, disse o presidente da Solidariedade Imigrante, comentando a notificação de abandono do território nacional de 18 mil estrangeiros anunciada recentemente pelo executivo.
“Esta medida surge em plena campanha eleitoral, numa cedência clara às políticas de extrema-direita” e não passam de “medidas propagandísticas que estão a usar os imigrantes como bode expiatório para o falhanço das suas políticas”, acusou Timóteo Macedo.
O Governo está “a usar a imigração, tal como a extrema-direita, para ganhar mais votos” e os protestos são a forma que a associação escolheu para demonstrar a sua oposição.
“É um processo que vai continuar para além de São Teotónio”, prometeu Timóteo Macedo.
“A imigração neste momento em Portugal está a entrar em pânico e há milhares e milhares de pessoas que fazem falta a este país”, disse Timóteo Macedo, adiantando que perante o problema, “o Governo prefere fazer cedências às grandes empresas, não às médias, nem às pequenas, e veio criar a Via Verde”, um recurso que permite às associações patronais contratar nos países de origem.
A denominada Via Verde para a imigração é uma medida que “vai servir claramente de alimento às máfias de tráfico humano”, porque, “quanto mais se fecham as fronteiras, mais se alimentam as máfias e o Governo está a contribuir para a desregulação” da contratação.
Por outro lado, grande parte das notificações de abandono de imigrantes, anunciada pelo executivo, correspondem a imigrantes que não se conseguiram regularizar noutros países do espaço Schengen porque optaram por vir para Portugal, considerou.
Agora, o Governo “quer deportar as pessoas e depois mandar vir outras para alimentar algumas máfias” e transformou-se numa “empresa de subcontratação de mão-de-obra”, numa referência ao facto de serem as associações patronais a contratarem os imigrantes através de outras empresas que gerem os vistos nas embaixadas.
“É tudo feito sob subempreitada, tudo é subcontratado, o Estado está-se a desresponsabilizar daquilo que lhe compete fazer”, acrescentou ainda.
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