VERDADE, MENTIRA, CERTEZA, INCERTEZA

Dia 19 de Janeiro, morreu o fotografo René Robert, com 84 anos, vítima de hipotermia, após ter desmaiado numa rua em Paris e ter ficado caído durante nove horas, sem receber ajuda. Queriam o quê? Para além de ser um velho, provavelmente confundido com um sem-abrigo numa cidade-capital de um país, ainda poderia estar infectado com Covid. As pessoas que passavam terão tido medo, digo eu. Coitado dele. Teve pouca sorte. Se tivesse morrido de Covid, ao menos, poderia ter sido numa cama de hospital, mesmo em cuidados intensivos.

No dia em que completou 28 primaveras, Georgina Rodriguez, conhecida como a namorada de Cristiano Ronaldo, recebeu um fantástico presente: a estreia do seu 'reality show' na Netflix. Uma estória digna de um conto de fadas, tipo Grace Kelly, sei lá…. Criticada por só mostrar luxo, ela responde com mais luxo. Mais vale ser invejado que lastimado, já o velho Heródoto apregoava. E quem pode, pode, ora bolas! Mas o seu mais-que-tudo ainda completou esse, com outro presente: recorreu ao emblemático Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, localizado no Dubai, para passar algumas imagens do programa em estreia da sua Gio. Acrescentando:  "Parabéns Georgina". Deslumbrante! Há lá forma mais bonita de presentear uma mulher? Vá lá, meninas, confessem: quem não gostaria de estar no lugar da Gio?  “É mais fácil estar-se triste quando não se tem dinheiro”. E, quem pode, pode, ora bolas!

Felizmente foi permitido que todos os eleitores que estejam a cumprir isolamento obrigatório devido à Covid-19, possam ir votar no dia 30 de Janeiro. Preferencialmente, entre as 18h e as 19h, recomenda o Governo. A minha amiga Joana ficou felicíssima com esta decisão. No dia 27 de Dezembro último, o pai faleceu inesperada e repentinamente e ela, em confinamento obrigatório por estar infectada com Covid na altura, não pode comparecer ao funeral. Costuma-se dizer que “uma desgraça nunca vem só”. Mas, neste caso, foi ao contrário: votar é um direito e um dever cívico assente na responsabilidade de cidadania. Dizia-me ela, contente: “Ainda bem que os nossos governantes acreditaram no exercício da responsabilidade de cidadania dos portugueses, no direito de votar. Mesmo infectados. Afinal isto do Covid, está-se a ver que, salvo algumas raras excepções, é uma semanita mais em baixo e depois tudo continua.”

E hoje termino com uma fotografia assinada por Jean Guichard, quando sobrevoava de helicóptero o farol La Jument, na costa francesa, a dois quilómetros da ilha de Ouessant, em dia de tempestade (21 de Dezembro de 1989) à procura dA Fotografia . Com ela, em 1990, obteve o segundo lugar no World Press Photo. Theophile Malgorn, o faroleiro, ouviu o insistentemente o helicóptero e pensou que quereriam comunicar com ele sem estarem a conseguir. Intempestivamente, abriu a porta para perceber o que estaria a acontecer. Os planetas alinharam-se e a fotografia fez-se. Em segundos. Malgorn fechou imediatamente a porta e sobreviveu. Consta que ainda é vivo e que, durante muito tempo, não queria ouvir falar da fotografia por entender que havia sido colocado em perigo mortal, de forma irresponsável e por questões meramente comerciais: alegava que abrira a porta por profissionalismo, e poderia ter perdido a vida. Mas diz-se também que a dada altura Guichard o terá visitado em sua casa, presenteado com um exemplar da foto autografada e que, a partir daí, as mágoas ter-se-ão esfumado e eles vieram a ser amigos. A importância de uma comunicação eficaz.

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