Servidão, Servidores, Serviçais.

Esta sociedade do Portugal vencedor de um Europeu jogando á bola e a caminho do último lugar da União Europeia, tem como ambição e sucesso de vida exemplar, o servir. O servir o Estado, desígnio máximo e servir-se dele, do Estado, o desígnio final do cidadão vitorioso.

Servidores e serviçais, julgam que ao Estado, aos estados, aos miniestados municipais e por ai fora, o que importa é obedecer preferentemente sem olhar e pensando nunca uma liberdade, nem estética e exterior, tão pouco interior e menos ainda, ética.

Tecer e viver um novelo quase impossível de se desenlear, de se lhe encontrar a ponta do fio, dentro do balde das regras. Com sentidos e direcções contrárias e opostas entre si. Criadas porque sim. Porque ao sabor do que quem manda acha que as massas gostam.

Parece que preferimos viver sem liberdade. Dizia Étienne de La Boétie (Sec. XVI) no seu “Discurso sobre a Servidão Voluntária”. Onde agora o controlo da sociedade se vai deixando de fazer “por cima” e só extraindo dela a riqueza que ainda produz, mas vai cada vez, mais sendo, literalmente, penetrada apoderando-se de todos os mecanismos sociais, regulamentando, codificando, mudando, cancelando, “modernizando e civilizando”, sendo todos, ou querendo ser, zelosos servidores do Estado, como nos fazem notar M.Abensour e M. Gauchet.

Pode-se e deve-se, depressa fazer um inquérito aos estudantes do que chamam Ensino Superior e chegaríamos à evidência que uma imensa maioria tem como sonho de vida profissional uma carreira no Estado. Da economia á arquitectura, às ciências exactas ou sociais e humanas, às engenharias e pasme-se até no teatro ou outras artes! (Espanha fez este exercício há pouco).

Viver nisto e viver disto. Não fazer, não agir, nem criar, nem empresas, nem Arte, que viva, se multiplique, se reproduza e se garantam independentemente da teia emaranhada pelas aranhas do Estado e dos Estados da União Europeia. Essa tia rica que nos vai mantendo em dinheiro e em esperança, até ao dia em que se farte de tão inepto parente. Sim , esse dia vai ter de chegar.

Voltando a La Boétie, trocar a liberdade pela servidão voluntariamente é perder humanidade. Tudo o que o Homem avançou foi em Liberdade. Tudo o que perdeu e retrocedeu foi sempre em tirania. E agora chegam tempos em que novamente se tenta até, fazer da ciência sempre livre, dúctil, objectiva e evolutiva, uma coisa regulamentada e de serviçal rigidez.

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