QUESTÃO DE ORGULHO

Volto agora a escrever para “O ATUAL”, depois da ausência, justificada, de algumas férias e pela ordem decida pelo diretor, toca de novo a minha vez. Em pleno stress do aproximar, veloz, de mais uma campanha de colheita a começar em breve.

Serviram as férias para uma volta, curta, atravessando dois ou três países europeus, sempre olhando e vendo os campos, as agriculturas e escurando e sentindo o sentir das gentes. Deparo-me com o invariável orgulho na qualidade das suas produções e com a capacidade dos campos e pessoas que as tornam realidade e atualidade. Ao regressar à pátria alentejana e portuguesa, reparo de novo, com tristeza, na atitude contrária. Entre nós o cidadão de a pé, normal e corrente, com a cabeça intoxicada por decisores e comunicadores políticos, construtores de “verdades” inexistentes, protetores de fantasmas passados que tanto fizeram sofrer e abalar o povo daqui. Enfim, os factos estão aí: em 2022 da área de olival português rega-se cerca de 25%, quase totalmente no Alentejo, de onde sai 90 % do azeite nacional praticamente todo Virgem Extra, contribuindo, só este produto, com 10% positivos no depauperado saldo da  nossa Balança Comercial Alimentar, com um volume de negócios de +/- 1.500 milhões de euros. Um setor que é mais exportador, em volume de vendas que o vinho português, incluindo o Vinho do Porto ,967 milhões de euros contra os 941 milhões dos vinhos em 2022 (Fonte INE/ Casa do Azeite) .

Uma produção total mais Alentejana que qualquer outra, apesar de não motivar o brio aos políticos que nos lideram, não deixará aos ávidos cofres do Estado sequer o dinheiro suficiente para promover o finalizar da autoestrada? Ou eletrificar a linha do comboio? Ou, pelo menos, tornar transitáveis as estradas da região? Ou fazer do IP Beja uma escola capaz de atrair muitos novos alunos? Conseguir que as Câmaras Municipais tenham orgulho em a sua região ser um caso internacionalmente descrito como um sucesso a estudar?

Preferem olhar para o passado. Citando António Tabucchi: “O passado é uma coisa muito triturável.”

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