NOBEL E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Sexta-feira 8 de Outubro de 2021 o Nobel da Paz para dois jornalistas. Maria Ressa, filipina e Dmitry Muratov, russo, pela defesa da liberdade de expressão e de imprensa. Trabalham, expressam as suas opiniões e contam o que se se passa sob os seus olhos, nos seus, respectivos países autoritários, como se chama agora ás ditaduras politicas de sempre. De esquerda ou de direita, nomes de lados postos a quem se pensa o centro de tudo.

A liberdade de expressão e imprensa premiada agora com a simbologia de um Nobel, chama a atenção para o que está a palpitar no mundo. Já não somente nas ditaduras óbvias, do Afeganistão à China, da Rússia às Filipinas, de Cuba à Bielorrússia, mas também no Ocidente gerador do Nobel. A limitação à liberdade de expressão existe sob as mais variadas maneiras, de momento não tão formal e feroz como a que A. Salazar promoveu entre nós, mas igualmente percebida por muitos como caminho para o Bem. Consola-me, que tal como  o cercear do pensamento livre feito pelo homem de Santa Comba, gerou mais adversários que prosélitos , estas novas inquisições terão o mesmo efeito. E mais rápido, espero.

A civilização do espetáculo desemboca, agora, numa génese do ser ator e espectador de si mesmo, possibilitada pelo uso imediato das “redes sociais”. Onde a procura de pertença á tribo em voga no momento, faz do ator/ espectador, também juiz e inquisidor. Ao mesmo tempo que motiva e espoleta a autocensura permanente, provocando uma menorização da sua personalidade.

O medir da “modernidade”, do estar e ser “atual” é sentido pela capacidade de integrar a “onda”, questionando pouco, mas mostrando (espetáculo) muito a pertença à religião da época, com os mesmos vícios dos crentes das antigas, mostrar como são fieis e ser implacáveis com os hereges. “Os sábios falam porque têm algo a dizer. Os tontos falam porque têm de dizer alguma coisa”, Platão.

A nova inquisição manifesta-se nas democracias atuais, perante uma complacente imprensa e anódinas reações dos governos, bem como das demais instituições supostamente guardiãs das liberdades e garantias. Três exemplos em menos de um ano, cronologicamente:

O primeiro no mais, ridiculamente, “politicamente correto” país do mundo, o Canadá. Numa “escola”, a sua diretora escolheu uns quantos livros que lhe pareceram ofensivos para os Índios canadianos  e resolve, num Auto--de –Fé, fazer uma fogueira purificadora com eles! Nem os “Tintin” de Hergé escaparam ás chamas inquisitoriais desta “escola”. O democraticamente eleito P.M. canadiano Justin Trudeau, sempre loquaz, desta vez não se dignou a condenar o ato. Compreendeu-o, disse ele.

Segundo . Em Portugal um jornal publicou o artigo de um médico sobre a vacinação de crianças e a seguir apagou-o do seu site. Despublicou, segundo o “Publico”,( interessante o jogo de palavras)…E porquê? A opinião do tal médico inferia não acreditar na ciência, onde todos devemos crer. A ciência nasce da dúvida e renova-se na dúvida. A crença é dogma e fé. E o “Publico” pediu a opinião do senhor e censurou-a.

Terceiro. A semana passada o espanhol Arturo Perez-Reverte , escritor, romancista, antigo repórter de guerra. Comentou no Twiter o ultimo filme de James Bond “007 Sem Tempo Para Morrer”. Segundo ele,” Encontrei um Bond tão equilibrado, tão politicamente correto, tão  «moñas» (efeminado), que constitui um insulto à inteligência dos espectadores e á memória do personagem . Se Ian Fleming visse deitaria faíscas.”, conclui. Pois a seguir a estes comentários , uma livraria de Barcelona, veio publicitar que retirava das suas estantes todas as obras (que são muitas) de Perez-Reverte, por machista e homófobo! Reagindo ao ato ,vil, de censura, Arturo divulgou o catalogo da loja, onde constam obras de genocidas como Adolf Hitler,Joseph Goebbels  e Mao Tse Tung…

Dizia  José Ortega Y Gasset “Van com la misma cara, por la mañana a la misa y por la noche  a las putas. Con la misma cara.”-  

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