HÁ GENTE PARA TUDO

Hay gente pa todo!! Admirava-se Rafael “El Gallo”, um iletrado matador de toiros, quando lhe apresentaram José Ortega y Gasset como filósofo, um homem que se dedica a pensar.

Não sendo filósofo, nem toureiro, veio-me ao pensamento essa exclamação, aquando da demissão do atual/ex Primeiro Ministro e as circunstâncias por ele mesmo proclamadas. Há gente para tudo. Gente que se demite, ou melhor, se escapa da Presidência do Governo possuindo, literalmente, uma sólida maioria de deputados obedientes, gente para tudo, também. Demissão, diz o sr P.M., provocada por um paragrafo redigido pelo punho e letra da sra Dra Lucília Gago, dona de eloquente quietude e parcimonioso silencio desde e quando tomou posse, substituindo a dinâmica e competente Joana Marques Vidal a instâncias do atual/ex P.M., outro caso de gente para tudo, ou então parece… Como gente para tudo são os governantes produtores e realizadores de casos e casinhos (que compram belas casinhas…) ao ritmo do crescimento económico chinês de 2010. Gente para tudo a usar o Palácio de S. Bento afim de arrumar a coleção, rica, de envelopes. Gente para tudo, cujo maior valor profissional é ser padrinho e ex amigo do P.M., acho graça quando na imprensa o classificam como empresário. O investimento terá sido nas alianças do afilhado? Gente para tudo.

Usam e “gerem” o País como se fosse a sua quinta, de recreio claro, pois cada vez produz menos e todos, todos os lugares da hierarquia do Estado são ocupados por escolhas do partido. Desde as Direções-Gerais aos chefinhos regionais e locais, com a ausência, sistemática, de competência para o lugar. Por isso sempre tão permeáveis aos “influencers” levando isto ao desastre onde chegamos.

Mesmo sem crimes a condenar, de momento, a montanha desta crise não pariu um rato. Deixou à vista de todos o modus operandi do Largo do Rato: ultrapassar as leis a velocidade estonteante com uns amigos a desligar o radar de controlo.

Como bem notou Eça de Queiroz, mais uma vez de uma atualidade espantosa:  “…a única emoção verdadeiramente fina, seria aniquilar a Civilização. Nem a ciência, nem as artes, nem o dinheiro, nem o amor, podiam já dar um gosto intenso e real às nossas almas saciadas. Todo o prazer de criar estava esgotado. Só restava, agora, o divino prazer de destruir.” In  A Cidade e as Serras.

Gente que da democracia têm um sentimento de propriedade, são os donos. Proprietários absentistas, destruidores do precioso bem, secaram-na à esquerda, condicionam a pobre à direita. E muito do povo continua a acreditar no conto e a votar nos donos dos contos. Há, mesmo, gente para tudo. 

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