FICÇÃO AGRÍCOLA

Estar vivo não é o contrário de estar morto. Há seres humanos, bem vivos, cheios de ideias mortas, técnica e cientificamente cadavéricas. Apesar de líricas ou quiçá épicas, trata-se de um imaginário de poetas mortos.

A água e a terra, tal como o fogo e agora menos o ar, são os quatro fatores de sobrevivência muito estudados e ainda mais especulados. Na sua componente realística pouco interesse há em divulgar os sérios estudos técnicos e científicos, agora no que concerne à “ciência” feita sem o crivo da evidencia, da verificação, da confrontação, da demonstração inequívocas, em resumo, ao choque com a realidade, a sua divulgação mediática é nula.  Sai a perder no confronto de romantismos versus realidades, não realismos, nem neorrealismos ou novi-neorrealismos, mas sim da vida, a vida que não para (apesar dos pesares de apocalípticos manifestantes dos mais sinceros pêsames antecipados). A terra com água mudou todos os alentejos ,do além (longe) do Tejo, da água, quase deserto ,de sempre seco e árido, nove meses por ano amarelo, torrado, verde pálido no frio inverno, mudou. Parece até que contra a vontade de quem o fez mudar, o Estado. Um investimento público produziu, caso raro em Portugal, um rápido e inusitado desenvolvimento económico e social. Se foi mais aproveitado por forâneos que locais, são outros quinhentos, o empreendedorismo, seja agrícola, seja das tecnologias das culturas, da instalação de regas, das maquinarias e suas disponibilidades, dos  mercados e economias, o dinamismo de investimento sem estar pendurado no estado, cultiva-se, cria-se na sociedade principalmente através do sistema educativo do início até à universidade. Nunca o conhecimento universitário local, regional e nacional esteve tão longe da vida real. Nem falando sequer do triste e velho panorama do associativismo anquilosado, velozmente ultrapassado do próprio setor agrícola.

Este Alentejo, que renomeou o Ribatejo, anterior paradigma da agricultura pujante, Além Guadiana, a  olhar para as águas do Tejo que passam, com uma nostalgia, de inveja sã, de ver passar uma vida.

A vida que a água traz, como em Odemira, único concelho onde cresce a população em Portugal ( conforme o último censo) e concelho onde antes da chegada do novo regadio, maior taxa de suicídios tinha no total do país.

Muita da afirmação com a “cor” de “ciência” sobre a terra, a água, o fogo e o ar é ficção. Ficção científica.  

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