DEMOCRACIA. DEMOGRAFIA E DEMAGOGIA

Três palavras que têm Povo, população, na sua génese.

 Na Demografia assenta a Democracia. Na Demagogia tem um tumor.

O estudo da dinâmica da população (demografia) portuguesa apresenta-nos um quadro atual, no mínimo, triste ou mesmo assustador, para os que desejamos e pensamos possível um Portugal melhor. O Observatório da Emigração relata que mais de 850 000 portugueses com menos de 39 anos deixaram Portugal, significando que 30% das mulheres em idade fértil emigrou. Assim, a já débil natalidade vai cair ainda mais. O mercado trabalho também vai sofrer uma depauperação muito grave. Os jovens abandonam um país sem esperança, tornado um ninho de víboras fiscais.  “Votam com os pés”, partem, vão-se embora, como diz Nuno Palma, no mais esclarecido retrato do Portugal dos últimos quatro séculos,  “As causas do Atraso Português” (D. Quixote- Novembro 2023) .

Uma demografia que nos apresenta 55% dos recenseados a terem mais de 50 anos, significando pelo menos 50% do eleitorado diretamente dependente do cada vez mais omnipresente Estado.

Com estas condições de base temos um terreno propicio para o conservacionismo, para o imobilismo, cada vez mais se enraizarem na sociedade portuguesa. Um país sem juventude, sem sangue novo. Um país que é para velhos.

Um país assim é presa fácil da Demagogia.

Demagogia em grego antigo significa “arrastar o povo”. Define-a Aristóteles, em Política, como forma de governar onde os argumentos são substituídos por apelos aos medos e preconceitos dos cidadãos.

Vejo eu agora chamar pelo fantasma do fascismo, como se fosse vivo; clamar pela santa estabilidade por quem acelera a queda; ou assustar as massas com imigrantes, etnias e minorias onde deitar culpas. Demagogia dos que procuram o poder e Demagogia dos que estão no poder, na embriaguez do poder, assim se refere Irene Vallejo em “Alguém Falou Sobre Nós” (Bertrand, Novembro 2023) à Síndrome de Hybris, patologia clínica que afeta muitos políticos demagogos. Sintomas: alheamento da realidade, excesso de confiança, detentor da verdade, não prestar contas à opinião pública, sentir-se messiânico e só achar a História capaz de o julgar. Obviamente, ser mentiroso relapso, contumaz.

Ainda este sábado se ouviu um deles afirmar: “ …a sorte que os portugueses têm em o Governo gostar de fazer.”

É fazer pouco, enfim…

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