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AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS DE 1976
O CASO DA FREGUESIA DE VILA DE FRADES, CONCELHO DE VIDIGUEIRA (II)
Terminada a eleição presidencial o movimento popular de apoio a Otelo avança para a sua institucionalização como partido político. Existindo a decisão de se concorrer às eleições autárquicas de dezembro, no distrito de Beja, Vila de Frades seria, seguramente, uma das localidades onde a formação de um GDUP seria expectável bem como uma candidatura com esta sigla. Isto porque Vidigueira foi um dos seis concelhos do distrito onde o Otelo ganhou – os outros foram Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Moura (Quadro I) – com um contributo significativo dos eleitores de Vila de Frades. No entanto, tal não aconteceu. E as razões prendem-se, no essencial, com a resistência colocada por muitos destes apoiantes de Otelo em integrarem os GDUPS, ainda por cima num quadro de luta travada entre as formações políticas apoiantes do ex-comandante do COPCON pela hegemonia do MUP.
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Neste aspecto, Vila de Frades não é um caso isolado no distrito de Beja, onde os GDUPS não conseguem concorrer a nenhuma Assembleia Municipal, ficando-se pela apresentação de duas listas a executivos camarários, casos dos concelhos de Beja e Moura, com resultados muito fracos, e às Assembleias de Freguesia de Ervidel, concelho de Aljustrel, Beringel e Neves, concelho de Beja e S. João Batista, concelho de Moura. Nestas Assembleias de Freguesia os GDUPS apenas elegem dois representantes, um em Ervidel e outro em Moura
Como se vê, resultados muito pobres para uma organização que nas presidenciais mobilizou, no distrito de Beja, 34.339 eleitores para votarem em Otelo Saraiva de Carvalho.
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Em Vila de Frades os GDUPS não concorreram, mas os apoiantes de Otelo mobilizam-se para a constituição de uma lista destinada a disputar a Assembleia de Freguesia, independente dos partidos e dentro do espírito e dos princípios políticos porque pugnava a candidatura do estratega do 25 de Abril: a defesa dum socialismo assente nas organizações populares de base – comissões de moradores, comissões de trabalhadores, comissões de aldeia, etc. Aliás, a designação da lista – LUTE (Lista Unitária dos Trabalhadores de Esquerda) – era por si só já um manifesto político. Como o núcleo promotor era muito jovem, houve a decisão de integrar nesse processo pessoas que, para além da maturidade da idade, tivessem um passado de distanciação e mesmo de oposição ao regime. E em Vila de Frades estas pessoas eram as que tinham acompanhado o antifascista José Luís Conceição Silva, ex-dirigente do MUD (Movimento de Unidade Democrática) e apoiante da candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República em 1958.
(Continua)
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