A Procura da Eterna Juventude

O estado de procura da eterna juventude parece transposto para a democracia portuguesa. Os nossos políticos, pós-jovens, que não maduros, cinquentões e sexagenários, quarentões alguns, prematuramente velhos de ideias, apesar do pouco uso e nulo préstimo. Julgando-se e exercendo como proprietários da aludida democracia, querem-na sempre jovem hesitante e temerosa e nunca em estado de plena maturidade. Imaginam-se e agem em conformidade como tutores, repetidamente educadores, de uma sociedade com quase meio século de Liberdade. Uma Liberdade, como lhes interessa, pouco afirmada por uma sociedade civil, paulatinamente, cada vez mais alheia ao conceito de Democracia e Liberdade, alheamento fomentado, sem sombra de dúvida por estes donos disto tudo. Nascidos de eleições tecnicamente livres, só que onde o exercício da escolha tem, convenientemente, cada vez menos intervenção popular. Este é o facto mais relevante da política e da sociedade portuguesa. Democracia seria o “governo do povo”, se o povo participa em cada vez mais menor medida, terá forçosamente outro nome.  A escassa participação em decisões eleitorais passa por boa, vota quem quer, mas a democracia não se esgota aí. O participar permanente em processos decisórios onde estão os cidadãos envolvidos, a procura da defesa dos interesses de cada um e de todos, uma justiça funcional e independente do poder governamental e de “magistraturas de influência, epiteto que muito revela. O respeito das instituições pelas pessoas, pela cidadania e não o seu contrário, como todas as “instituições” reclamam. O cuidado com a gestão do dinheiro público, sendo dos contribuintes que o pagam e da União Europeia que o verte. São defeitos corrigíveis numa jovem democracia e são vícios intoleráveis na plena assunção da maturidade democrática.

Uma imprensa livre, que proceda ao permanente escrutínio da ação governativa, uma imprensa madura sem esconder as suas preferências políticas e ideológicas por detrás de uma insana e falsa imparcialidade impossível, numa classe onde a remuneração de topo da carreira está na acessória de imprensa de um qualquer gabinete ministerial ou de outra instituição do Estado. (Por isto gosto de O Atual, não esconde as simpatias).

A procura da eterna juventude democrática,  mantendo-lhe a desculpa para a leviandade e para o seu caracter volúvel , parece ser a escolha dos políticos que tudo têm para lhe dar carta de maioridade e a responsabilidade correspondente.

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