“Gostava que os critérios e as prioridades fossem outras, mas é do entender do PS não aceitar [a nossa proposta]. Portanto, vamos seguir o nosso caminho”, disse hoje Nuno Palma Ferro, eleito nas autárquicas de 12 de outubro pela coligação Beja Consegue.

O autarca falava à agência Lusa depois de a concelhia de Beja do PS ter anunciado, em comunicado publicado na rede social Facebook, que tinha rejeitado uma proposta de acordo com a coligação Beja Consegue para ter um vereador a tempo inteiro no executivo municipal.

Na nota, os socialistas explicaram que a decisão foi aprovada por unanimidade, na segunda-feira, “após reflexão cuidada” e tendo por base um conjunto “de pressupostos políticos e institucionais”.

Desde logo, justificaram, por o resultado eleitoral das últimas autárquicas ter expressado, “de forma inequívoca, a vontade dos bejenses”.

O PS lembrou ainda que, em 2021, o então vereador Nuno Palma Ferro também foi convidado “a assumir responsabilidades executivas”, que recusou, e que “durante o último mandato o movimento Beja Consegue e o referido vereador exerceram uma oposição intensa e crítica, frequentemente colocando em causa a capacidade e a competência da gestão socialista”.

Apesar de ter recusado o convite para ter um vereador a tempo inteiro na Câmara de Beja, o PS reafirmou “a sua total disponibilidade para o diálogo institucional e para a colaboração em matérias que sirvam o interesse público”, prometendo “uma oposição responsável, construtiva e atenta, fiel aos valores democráticos e ao compromisso de sempre com as pessoas de Beja”.

Em declarações à Lusa, Nuno Palma Ferro confirmou ter endereçado o convite para que a atual vereadora socialista Maria João Ganhão, que foi número dois na lista do PS nas eleições deste ano, assumisse a vereação a tempo inteiro.

“Gostávamos de ter experiência governativa e achávamos que a Maria João [Ganhão] podia aportar um contributo positivo ao executivo em funções, mas o PS não foi desse entendimento e ficará com o ónus da sua tomada de posição”, disse o presidente eleito.

Palma Ferro revelou que também endereçou convites ao cabeça de lista da CDU (PCP/PEV), Vítor Picado, para assumir o cargo a tempo inteiro, e ao candidato do Chega, David Catita, para ter pelouros, ainda que não em permanência no executivo.

“Estes processos não estão fechados”, indicou o futuro presidente da Câmara de Beja, que rejeitou um cenário de governação “mais complicada” caso estes convites sejam igualmente recusados.

“Não há aqui complicações, o que temos é de procurar ‘pontes’ e entendimentos. E caberá às forças políticas envolventes neste processo tomarem as decisões que acharem mais adequadas, nada mais do que isso”, afirmou.

Questionado sobre as eventuais dificuldades de governar sem maioria e com apenas dois eleitos a tempo inteiro num executivo municipal com sete membros, Nuno Palma Ferro garantiu que “não tem medo do trabalho”.

“As coisas serão aquilo que tiverem de ser, os partidos tirarão as suas ilações e as pessoas também. A nossa governação será sempre transparente”, concluiu.

A coligação Beja Consegue venceu as eleições autárquicas neste concelho, que tinha sido sempre governado “à esquerda” desde 1976, pelo PS e, anteriormente, por coligações lideradas pelo PCP.

Nas eleições de 12 de outubro, segundo os dados do Ministério da Administração Interna (MAI), a coligação formada por PSD, CDS-PP e IL teve 31,14% dos votos e alcançou dois mandatos.

Seguiram-se o PS, com uma votação de 26,82% e a eleição de dois vereadores, os mesmos que a CDU, que teve 22,08% dos votos.

Já o Chega registou uma votação de 16,93% e garantiu a eleição de um vereador.

 

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