Num comunicado a propósito de uma carta aberta enviada à direção nacional da PSP, a ASPP/PSP aponta a “incapacidade da DNPSP para acautelar os interesses dos polícias”, exemplificando com a “constante ausência de respostas aos pedidos formulados”, a “desastrada política de transferências” e a “errada política de gestão de concursos”.

Reclama do que classifica como “constante mentira na aplicação do despacho dos horários”, do “contínuo e doentio atraso no pagamento de serviços remunerados” e da “errada e prejudicial interpretação sobre pré-aposentação”.

Na nota, a ASPP/PSP acusa a direção nacional da PSP de “arbitrariedade na justiça e disciplina”, de “ausência de responsabilização nas decisões erradas dos comandantes” e de “incapacidade política de contrariar decisões governamentais”, além de apontar igualmente o desrespeito pela lei sindical.

A associação sindical lembra que tem sido um contributo para que os polícias não se deixem influenciar por opções radicais, as quais "poderão ser totalmente desajustadas e contraproducentes” e sublinha: “Esta forma de estar no sindicalismo policial não se coaduna com o tratamento que tem recebido da parte da DNPSP”.

“Mas mais grave, na nossa opinião, é a forma como os polícias têm sido (des)tratados pela DNPSP e é isso que nos obriga a agir”, afirma, a propósito do protesto agendado para quinta-feira, frente à direção nacional da PSP, para assinalar os 33 anos a manifestação inédita de polícias contra polícias na Praça do Comércio, em 1989, que acabou reprimida com bastonadas e jatos de água.

“Conhecemos os direitos barrados, conhecemos os atentados que os polícias sofrem, sabemos como são comandados e a forma totalmente indiferente como a DNPSP assiste a tudo, o que contrasta com as palavras e mensagens que o diretor Nacional emite”, sublinha.

No comunicado, a ASPP/PSP diz que na missiva que enviou colocou diversas questões ao diretor nacional, questionando-o sobre como se sentia sabendo que “diariamente tem polícias a trabalhar sozinhos numa esquadra, ou num carro-patrulha, mesmo após vários episódios de agressões” ou , por exemplo, que “os policias de Beja estão a realizar serviços remunerados nas folgas de forma obrigatória, contrariando a NEP, mas com polícias disponíveis e não sendo escalados”.

Confronta ainda o diretor nacional da PSP relativamente aos pedidos de comandantes de esquerda para que os agentes sejam “operários de construção civil" e ao “barramento dos polícias na legítima saída para a pré-aposentação”.

“Como se sentirá quando percebe que o estado motivacional dos seus homens e mulheres está baixíssimo, quando a cadeia de comando não funciona, quando a liderança não existe”, insiste.

Aponta igualmente a falta de capacidade operacional, os atrasos no pagamento dos serviços remunerados - “mais de 3.500 euros por receber” - e da falta de condições de segurança e conforto em diversas esquadras.

“O atrás exposto não são ‘inventonas’, é a realidade do quotidiano das esquadras, dos polícias (todos), daquela realidade que não é preparada para o receber, daquela realidade que não omite o que vai na alma de quem comanda, daquela realidade que tem de ser alterada”, afirma.

No dia 21 de abril, acrescenta a ASPP/PSP, “vai comemorar-se o 33.º aniversário dos Secos e Molhados e muito do que antecedeu 1989 parece ainda existir, apesar da forma mais simpática como se dissimula o estado das coisas”.

Na manifestação que ficou conhecida como “Secos e Molhados” os polícias protestavam para exigir liberdade sindical, uma folga semanal, transparência na justiça disciplinar com direito de defesa, melhores vencimentos e instalações.

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