Foto: PCP

“Está aqui à vista. Não vale a pena estar a desenvolver muito, basta a imagem para perceber o que ficou por fazer”, disse Paulo Raimundo, sublinhando que “Pedro Nuno Santos, naturalmente, tem a sua quota de responsabilidade e tem de assumir essas responsabilidades”.

“O que aconteceu foi que PSD e CDS pararam a obra e o PS agarrou nessa bandeira e manteve isto tal como está. É uma vergonha e uma afronta a toda a gente que vive no distrito de Beja e no Alentejo”.

Em declarações aos jornalistas em Figueira dos Cavaleiros, junto a Ferreira do Alentejo, numa visita a um viaduto incompleto e sem avanços desde 2012, o líder da CDU (Coligação Democrática Unitária, que junta PCP e PEV) não foi ao ponto de apontar o passado do atual secretário-geral do PS como “cadastro”, tal como defendeu a antiga líder do CDS Assunção Cristas, preferindo apontar também responsabilidades à direita pela travagem nesta obra.

“É uma expressão um bocado ousada de quem vem. Basta olhar para este cadastro para perceber que cadastros há muitos e são muito bem distribuídos”, retorquiu.

E visou também o antigo presidente do PSD e ex-primeiro-ministro Durão Barroso, que na sexta-feira defendeu numa ação de campanha da Aliança Democrática (AD) que não devia haver vergonha pelo que sociais-democratas e centristas fizeram no período da ‘troika’, mas sim “orgulho”.

“Ainda ontem [na sexta-feira] ouvimos uma expressão de que ‘temos muito orgulho nos tempos da troika’, alguém disse isso. Está aqui um bom exemplo do orgulho que devem ter dos tempos da ‘troika’, desses que acham que os cadastros devem ser para outros, mas que deviam ter também um peso grande na consciência”, frisou.

Paulo Raimundo lamentou ainda os “mil milhões de euros que saem dos bolsos” dos portugueses todos os anos para as parcerias público-privadas (PPP) rodoviárias e reforçou que o “Estado devia chamar a si” a conclusão desta obra pela importância que pode ter “para o desenvolvimento desta região e do país”.

No entanto, refutou qualquer contradição entre as críticas reiteradas ao PS e a disponibilidade para um eventual entendimento pós-eleições legislativas de dia 10.

“Não só não há nenhuma contradição, como há uma necessidade. Aquilo que a história demonstra é que o PS só virá a posições corretas e justas não pela força que tiver, mas pela força que a CDU e o PCP tiverem na Assembleia da República. Não há nenhuma contradição”, vincou.

Num cenário em que algumas ovelhas exploravam as terras da obra inacabada, o líder comunista deixou a garantia de que a CDU não vai desistir da obra que deveria ligar Sines até Vila Verde de Ficalho, num custo de cerca de 180 milhões de euros. Ao lado de João Dias, deputado e cabeça de lista por Beja, manifestou ainda a expectativa de não ter de voltar a este local numas próximas eleições para voltar a denunciar o impasse da construção.

“É preciso uma visão de futuro do país e os únicos que têm uma visão de futuro da região e do país somos nós. O que obriga a investimento público, claro. As opções têm de ser feitas. E, de uma vez por todas, acabar com este mamarracho que aqui está”, resumiu, sem deixar de recordar que “20 dias de encaixe dos grandes grupos económicos” chegavam para terminar a construção desta obra: “Até esgota a paciência ao povo alentejano”.


Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.