Em declarações à agência Lusa, o diretor executivo da Associação de Olivicultores do Sul (Olivum) destacou também a importância de o estudo ter sido “encomendado pelo Governo”.

Além de ser resultado de “uma investigação de dois anos”, coordenada para Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), frisou Gonçalo de Almeida Simões, o estudo não encontrará paralelo “nos próximos cinco a dez anos”.

“É bastante importante para o setor, porque nunca houve nenhum outro estudo como este, que não é direcionado para as culturas de regadio, mas sim diretamente para o olival. Espero que venha esclarecer as dúvidas que muitos presidentes de câmara, de junta de freguesia e assembleia municipal têm”, defendeu.

Almeida Simões acrescentou ainda às entidades municipais, que têm questionado a proliferação de olival intensivo no Alentejo, as “organizações não-governamentais ambientais” e os “partidos mais à esquerda”, nomeadamente “Bloco de Esquerda, PAN, PCP e Os Verdes”.

Esses partidos, lembrou, “têm apresentado propostas de resolução” para limitar a expansão da cultura de olival intensivo que “já foram chumbadas três vezes”, a última das quais “por 85% da Assembleia da República”.

“Sempre estivemos disponíveis para debater, mas com uma postura racional e científica, porque este debate na praça pública e de opiniões pessoais não ajuda em nada”, lamentou.

O estudo coordenado pela EDIA conclui que o olival é uma “cultura perfeitamente adaptada à região” do Alentejo e refere mesmo as suas “baixas exigências hídricas” como uma das principais características da plantação intensiva de olival.

A “boa resistência a pragas e doenças” deste tipo de plantação, motivo pelo qual exige “baixas quantidades de fitofármacos”, é outra das conclusões do estudo, que envolveu vários organismos do Ministério da Agricultura.

A investigação coordenada pela EDIA incluiu também as direções-gerais de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) e de Agricultura e Veterinária (DGAV), a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo (DRAPALE) e o Instituto Nacional de Investigação Agrícola e Veterinária (INIAV).

“É um trabalho de compilação muito interessante, que conta também com a contribuição da Olivum e da Universidade de Jaén, em Espanha. É feito pela EDIA, mas em pareceria com a DGADR, a DRAPALE, o INIAV e a DGAV, o que dá robustez científica ao estudo”, elogiou o representante dos olivicultores.

O estudo defende que o olival de regadio “pode ser desenvolvido de uma forma sustentável e ecologicamente positiva, dependendo das práticas culturais utilizadas”, e que é “fulcral no combate à desertificação”, ao criar uma “barreira verde permanente interanual a sul do Tejo”.

Além disso, segundo as conclusões, “capta grandes quantidades de CO2 [dióxido de carbono]” o que tem um impacto positivo “no cumprimento dos objetivos de política nacional ao nível das emissões/captações de carbono”.

 

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.