Divulgado na última semana pela EDIA e publicado na sua página na Internet, o estudo conclui que o olival é uma cultura “perfeitamente adaptada à região” e refere mesmo as suas “baixas exigências hídricas” como uma das principais características da plantação intensiva de oliveiras no Alentejo.

“É uma cultura que está muito bem adaptada à região mediterrânica em geral e ao Alentejo em particular. Não é por acaso que há aqui oliveiras há milhares de anos, assim como videiras e amendoeiras, só para dizer estas três. A árvore está ‘pensada’ para viver no nosso clima e é também muito resistente a pragas e doenças”, afirmou o presidente da EDIA.

O trabalho, explicou José Pedro Salema, tentou “distanciar-se e ver de longe” os impactos “na economia, o emprego e nas produções”, assim como observar “que práticas se fazem e como se produz, tipicamente, o olival nestas zonas”.

“O olival não tem problema nenhum. O que pode haver é uma questão de práticas agrícolas. Não há atividade humana sem impacto, isso é óbvio, mas os benefícios desta cultura são claramente superiores aos impactos negativos. Desenvolver esta cultura na região foi nitidamente uma aposta ganha”, frisou.

O administrador assumiu, no entanto, que “tal como em todos os setores” de atividade, “algumas pessoas não fazem bem as coisas”, mas esses casos são “identificados e reportados para serem corrigidos”.

A “boa resistência a pragas e doenças” deste tipo de plantação, motivo pelo qual exige “baixas quantidades de fitofármacos”, é outra das conclusões do estudo, que envolveu vários organismos do Ministério da Agricultura, entre outros aspetos positivos indicados acerca desta cultura.

Por ser uma cultura permanente, “conjugada com boas práticas culturais”, tais como o enrelvamento nas entrelinhas, “melhora a estrutura e aumenta a quantidade de matéria orgânica no solo”, defende o documento.

Além disso, tem permitido uma “rentabilização dos investimentos públicos” no Alqueva, proporcionando uma “rápida e grande adesão dos agricultores ao regadio”, o que tem gerado “uma considerável mais-valia económica e social” pelo emprego criado.

“Quando o Estado faz um investimento público, se conseguir mobilizar os privados para investirem também, está a rentabilizar o investimento, a aumentar o Produto Interno Bruto (PIB). E o Alqueva conseguiu também uma novidade em Portugal, que foi o investimento estrangeiro. Não isoladamente, mas de dezenas de casos de estrangeiros à procura de terra”, destacou.

Ainda assim, apesar da ideia de que a maior parte dos investimentos são espanhóis “não é verdade”, segundo o presidente da EDIA, que reconhece que “há alguns espanhóis, mas a maior parte das culturas são dominadas por empresas de origem portuguesa”.

“Muitas vezes dizem que os olivais não trouxeram riqueza, mas isso não é o que dizem as estatísticas. Conhecemos dezenas de casos de explorações que tinham um ou dois trabalhadores e agora têm 20. Quando multiplicamos as culturas que estão instaladas em Alqueva pela área que já têm, conseguimos provar que houve milhares de empregos criados”, defendeu.

Em 2018, segundo o estudo, o olival ocupava 179 mil hectares no Alentejo (9% da superfície agrícola útil da região), representando quase metade da área plantada com esta cultura no país, distribuído por 17.300 explorações da região que produziam 540 mil toneladas de azeitona.

Por outro lado, a cultura comporta riscos, especialmente a “erosão do solo”, contra a qual “há práticas para a minimizar que são regra em Alqueva”, assim como a utilização de “produtos químicos”, os quais, na realidade, também já não são os mesmos que a generalidade das pessoas pensam.

“Ainda temos no ideal coletivo o DDT, que matava tudo, mas é mentira. Já não existe esse tipo de produtos e existe legislação que tem apertado imenso o cerco. As possibilidades de moléculas à venda são cada vez menos e as que eram mais perigosas para o ambiente foram banidas”, garantiu Salema.

O estudo foi encomendado pelo Governo, envolvendo a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo, Instituto Nacional de Investigação Agrícola e Veterinária e Direção-Geral de Agricultura e Veterinária.

O trabalho defende ainda que o olival de regadio “pode ser desenvolvido de uma forma sustentável e ecologicamente positiva” e, aí, ser “fulcral no combate à desertificação”, ao criar uma “barreira verde permanente interanual a sul do Tejo”.

Além disso, “capta grandes quantidades de CO2 [dióxido de carbono]” o que tem um impacto positivo “no cumprimento dos objetivos de política nacional ao nível das emissões/captações de carbono”.

 

 

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.