“É com naturalidade que toda a gente aceitará esse efeito, porque já se tinha falado muito de Odemira na questão da expressão populacional, devido a alguns fatores económicos e sociais locais, mas faltava saber qual era a expressão”, afirmou.

José Alberto Guerreiro falava à agência Lusa a propósito dos resultados preliminares dos Censos 2021, divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que revela que Odemira é o concelho do país com maior percentagem de aumento da população (+13,3).

Em termos absolutos, o número de habitantes no concelho de Odemira subiu de 26.066, em 2011, para 29.523, em 2021, ou seja, mais 3.457 pessoas.

Apesar de já estar à espera de um acréscimo, o autarca argumentou, contudo, que os dados do INE contabilizam “apenas a população residente”, não estando “traduzidos os efeitos da população presente”.

“A questão central é perceber qual é a relação entre a população residente e a população presente e estamos em crer que, se fossem efetuados esses levantamentos, nestes Censos estaríamos a falar do dobro da evolução”, afiançou.

Os números revelam que Odemira foi também o único dos 47 concelhos alentejanos a ganhar população residente face a 2011, com os homens (3.155) a representarem a esmagadora maioria deste ganho, pelo que os números estarão relacionados com o acréscimo de migrantes para trabalhos agrícolas.

Para José Alberto Guerreiro, a subida deve-se, de facto, a “algumas atividades” existentes neste concelho do litoral alentejano, sobretudo “a atividade agrícola, mas não só”.

“A leitura que fazemos dos dados por freguesia traduzem uma perda populacional de muitas freguesias do interior, mas duas delas com uma tendência crescente”, afirmou, referindo-se às de Relíquias e São Martinho das Amoreiras, que acolhem “duas comunidades relacionadas com o bem-estar e paz”.

E, no seu entender, também “o acréscimo significativo” do setor turístico no concelho justifica este aumento populacional.

“Analisando os resultados de forma mais detalhada, iremos chegar a conclusões que traduzirão uma expressão de cerca de 70% do setor agrícola, em torno dos 15 a 20% do setor turístico e cerca de 10% dessas comunidades de bem-estar e paz” que “atenuaram um bocadinho a perda populacional no interior”, apontou.

Os dados evidenciam ainda “que não era fácil ao longo de uma década, e especialmente nos últimos cinco anos, ter dado resposta a situações de habitação num mercado em que o setor privado não teve capacidade de resposta. E o setor público também não tem tido essa capacidade”, concluiu.


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