João Serranito Nunes (PS) falava à Lusa depois de serem conhecidos os resultados preliminares dos Censos 2021, divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que revela que o número de habitantes no município de Barrancos caiu de 1.834, em 2011, para 1.435, em 2021.

Trata-se de uma quebra de 21,8% na população total do concelho, naquele que é o maior decréscimo verificado em Portugal nos últimos 10 anos.

Para o presidente da autarquia raiana, estes dados não constituem “nenhuma surpresa” e são fruto da “falta de oportunidades de trabalho” em “locais recônditos” como Barrancos.

“Quando as pessoas não têm oportunidade de trabalho num local, deslocam-se para outro”, justificou João Serranito Nunes em declarações à Lusa.

Na opinião do autarca, as medidas tomadas pelos governos para contrariar a desertificação de zonas interiores como Barrancos têm-se revelado insuficientes, sendo apenas “paliativos” e não “solução para o problema”.

“O Ministério da Coesão Territorial e a Secretaria de Estado da Valorização do Interior são sinais positivos, mas tem que haver outros complementares que venham inverter esta tendência de perda sistemática de população dos últimos 20, 30, 40 anos”, disse.

Para Serranito Nunes, “é necessário encarar o problema de frente" e "de forma ‘musculada’, para que o tecido empresarial se possa fixar aqui [em Barrancos] com condições que sejam atrativas”.

“Sem isso nada feito”, disse.

Nesse sentido, o presidente da câmara municipal defendeu que “a solução tem que ser um apoio efetivo ao tecido empresarial”, nomeadamente através da “isenção de pagamento de impostos” ou por intermédio de ajudas “na formação profissional” e “na construção de fábricas”.

“Há uma série de questões que têm de ser olhadas de frente, muito a sério, senão a tendência vai-se acentuar. Tenho dito isto em diversos locais e ao governo, mas não podemos continuar num ‘diálogo de surdos’”, concluiu Serranito Nunes.

Portugal tem 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, segundo os resultados preliminares dos Censos 2021, hoje divulgados pelo INE.

Trata-se de uma quebra de 2% relativamente a 2011, consequência de um saldo natural negativo (-250.066 pessoas, segundo os dados provisórios).

O saldo migratório, apesar de positivo, não foi suficiente para inverter a quebra populacional, segundo o INE, que sublinha que, em termos censitários, a única década em que se verificou um decréscimo populacional foi entre 1960 e 1970.

Os dados preliminares mostram que há em Portugal 4.917.794 homens (48%) e 5.430.098 mulheres (52%).

O Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) foram as únicas regiões que registaram um crescimento da população nos últimos 10 anos.

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