“Se a situação continuar como está, pode ser um ‘cocktail’ perfeito para termos aqui uma situação dramática, daqui a uns meses, no setor do vinho”, avisou Francisco Mateus, presidente da Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas (ANDOVI).

Em declarações à agência Lusa, o responsável salientou que os produtores “têm vindo a aguentar” as “quebras” nas vendas que sofreram em 2020, devido aos efeitos económicos da pandemia de covid-19, em particular os impactos negativos na restauração e no turismo.

“Mas, a continuar, e pelos vistos irá continuar durante uns tempos, vai tornar-se difícil este contexto” e que “estes produtores continuem a ter a sua atividade, as suas empresas abertas, os seus funcionários a serem pagos, se não tiverem apoios do Governo”, defendeu. E “esses apoios têm de chegar ao setor com a maior rapidez, até para passar uma mensagem de tranquilidade e para que os operadores se possam dedicar àquilo que eles sabem fazer, que é produzir, que é vender”, continuou.

Segundo uma avaliação feita pela ANDOVI, citada pela Lusa, 61% das 1.716 empresas de vinhos do país tiveram quebras de vendas em 2020, face ao ano anterior, as quais para 361 delas foram acima dos 50%, devido aos efeitos da pandemia de covid-19.

Destas 61%, que são 1.049 empresas, além das 361 com quebras acima dos 50%, houve 216 com perdas até 20% e 408 com quebras entre 20 e 50%, em comparação com 2019.

A ANDOVI enviou, no passado dia 29 de janeiro, uma carta à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, para lhe dar conta das quebras nas vendas e dos impactos provocados pela pandemia e defender a necessidade de medidas de apoio.

“Solicitámos que a ministra lançasse um pacote de medidas de apoio ao setor vitivinícola. São quatro medidas que estamos convictos que podem ser facilmente ativadas, mas, até hoje, não tivemos qualquer resposta ou contacto do Ministério da Agricultura”, lamentou Francisco Mateus.

A associação propõe que sejam reabertas “as medidas de crise que foram lançadas no ano passado”, como “as medidas de armazenagem e da destilação”, as quais Bruxelas “já terá autorizado” pelo que devem ser disponibilizadas novamente aos “produtores que estiverem interessados”.

“Defendemos um apoio à tesouraria das empresas”, porque “verificamos, por exemplo, que as empresas produtoras de vinho não podem aceder ao Programa Apoiar do Ministério da Economia”, argumentou.

Como terceira medida, Francisco Mateus elencou “uma maior agilidade no pagamento dos apoios que já estão ‘em carteira’ nos serviços da Administração Pública, para que o dinheiro chegue às empresas”.

A última medida implica que “seja posto ao serviço do setor do vinho o saldo orçamental que está no Instituto do Vinho e da Vinha, que foi alimentado com taxas pagas pelo setor ao longo dos anos”, representando “15 milhões de euros que podem ser colocados à disposição do setor”, indicou.

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