O projeto de arte pública é inaugurado no sábado, às 14:00, e resulta de uma iniciativa do Grupo de Interação Rural e Artística (GIRA), que junta os artistas plásticos portugueses Mariana Dias Coutinho e Miguel Romo e a designer de moda alemã Cláudia Brück, todos residentes no concelho de Odemira.

Em declarações à agência Lusa, Mariana Dias Coutinho revelou hoje que o projeto, que teve apoio institucional e logístico da junta de freguesia, arrancou em setembro de 2021 e permitiu a instalação de um mural de azulejos na passagem inferior ferroviária de Luzianes-Gare.

A aldeia “tinha alguma pertinência de atuação no espaço público, especialmente o local que escolhemos, por causa de toda a questão do comboio e deste ter deixado de parar” na estação local, o que faz “as pessoas ainda sofrerem mais com o isolamento”, disse.

Nesse sentido, a população de Luzianes-Gare foi desafiada a doar sobras de azulejos, as quais estão na origem do mural, instalado numa área “com cerca de 300 metros quadrados”, ou seja, “seis vezes superior ao inicialmente previsto”.

“A origem do processo foi embelezar um espaço público com um bocadinho de todos”, disse também à Lusa Miguel Romo.

Depois deste trabalho de recolha, os três artistas “transformaram” o Centro Social da aldeia num ateliê, onde prepararam a peça final, num processo acompanhado pela população.

“As pessoas começaram-nos a ir visitar, a acompanhar o que a criação gerava e a verem os seus azulejos. Tudo isto começou a gerar muito ‘burburinho’, com as pessoas intrigadas e a falar entre elas. Todo o projeto começou a ganhar uma dimensão crescente”, frisou Mariana Dias Coutinho.

Na opinião dos autores, o resultado final tenta transmitir uma mensagem de “diversidade e pluralidade”, transformando uma “infraestrutura típica de betão, sem critérios estéticos mas apenas funcionais”, num “símbolo” para “toda a comunidade”.

“Toda a gente para ali e fica a olhar e à conversa. Estamos contentes, porque era isso que queríamos: trazer as pessoas à rua, que se orgulhassem do seu lugar e que se vissem representadas neste mural”, disse Mariana Dias Coutinho.

A par do mural, o coletivo GIRA pretende vir a editar um livro, em papel e em formato digital, para ilustrar “a relação entre as doações, a população local e a obra criada”.

“Durante o período de contacto com a população, fizemos um trabalho de mapeamento, onde captámos também, além de imagens e pequenos filmes, as oralidades, as histórias e as memórias de que as pessoas se iam lembrando. Gostávamos de mostrar esse lado do processo que não se vê”, justificou Mariana Dias Coutinho.

A intervenção no espaço público de Luzianes-Gare é a primeira do coletivo GIRA, criado há cerca de um ano pelos três artistas para “fazer coisas bonitas na região”, criando “capital cultural e social” e promovendo “o embelezamento e o desenvolvimento através da arte”.

“Queremos dinamizar a região, dinamizar as localidades mais próximas através da arte, do contacto entre as pessoas, trazendo a tradição e a contemporaneidade para um local comum”, concluiu Miguel Romo.

 

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