O circuito hidráulico da Vidigueira, e respetivo bloco de rega, faz parte do projeto de expansão do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), a cargo da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), e representa um investimento a rondar os 10 milhões de euros.

O futuro bloco de rega, que irá abranger cerca de 2.000 hectares e perto de 1.400 prédios rústicos nas freguesias de Vila Alva, Vila Ruiva, Cuba, Vila de Frades, Vidigueira e Selmes, foi anunciado em 2017, pelo então ministro da Agricultura, Capoulas Santos.

A sua conclusão estava prevista para este ano de 2021, mas as obras de construção ainda não arrancaram, situação que prejudica os agricultores locais, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Adega Cooperativa de Vidigueira, Alvito e Cuba (ACV).

Segundo José Miguel Almeida, neste território predomina o “minifúndio” e “a cultura da vinha” e o adiamento do projeto está a “frustrar aquilo que têm sido as expectativas de quem já investiu na reestruturação de vinhas e na plantação de novas vinhas desde 2017”.

Por outro lado, o atraso no bloco de rega está a “adiar o investimento por parte de quem o quer fazer”, afiançou.

Contactado pela Lusa, o presidente da administração da EDIA justificou o atraso na concretização do projeto com a ausência de “uma fonte de financiamento”.

“Esta obra foi prevista no Programa Nacional de Regadios”, mas “é preciso haver um aviso e uma candidatura e isso ainda não aconteceu”, frisou José Pedro Salema.

“Sem financiamento é impossível lançar qualquer empreitada”, acrescentou.

Segundo o presidente da EDIA, em causa estão “três zonas de regadio em torno de Vidigueira, com três origens de água”, sendo uma obra “com um custo de investimento por hectare bastante interessante”.

“Se fizermos as contas ao investimento por hectare, é muito interessante e terá, com certeza, uma adesão muito rápida, porque na zona há uma dinâmica em torno da vinha muito interessante”, observou José Pedro Salema.

O gestor disse ainda existirem perspetivas de o processo conhecer “algum avanço” em breve, adiantando que “a obra em si demorará cerca de ano e meio” até estar concluída.

Tudo isto leva o presidente da ACV a concluir que “a fase que se segue é a da decisão”, que respeita ao “plano político, nomeadamente naquilo que são as decisões do Ministério da Agricultura”.

Nesse sentido, está prevista para esta sexta-feira uma reunião, em Vidigueira, com a presença de representantes dos agricultores, dos autarcas de Cuba, João Português (CDU), e de Vidigueira, Rui Raposo (CDU), do presidente da comissão parlamentar de Agricultura e Mar, o deputado alentejano Pedro do Carmo (PS), e do deputado do PCP eleito por Beja, João Dias.

Nesta iniciativa “queremos dar a conhecer aquilo que é a vitalidade económica deste território e a importância de termos o abastecimento de água por via da rede de rega da EDIA”, justificou José Miguel Almeida.

O presidente da ACV disse estar “absolutamente convencido” de que a informação “vai passar e chegar aos decisores”, para que o bloco de rega de Cuba e Vidigueira, “que está pronto a avançar em termos documentais, passe a ser realidade”.

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