
Opinião Atual
Na Páscoa vinha sempre almoçar um casal nortenho, cujo marido falava pelos cotovelos. A mulher sentenciava todos os anos: -“O meu Fragoso fala do que sabe e do que não sabe, mas tem sempre razão.”
Concordar para ser aceite, ou aceitar ideias para pertencer. Ser adolescente toda a vida, é ser o adulto responsável nestes nossos anos 20.
Há quase 100 anos Ortega y Gasset previu uma sociedade que apartasse a elite intelectual e se tornasse seguidora das massas, caminharia para a corrupção, na total acepção da palavra.
O que agora se chama uma “causa”, “seguir uma causa”, ser “activista”( para uns ,profissão de fé, para outros profissão mesmo), não é mais que ir conduzido pelos actores vazios de “A Civilização do Espectáculo “ (M. Vargas-Llosa, 2012).
A massa informe gosta que pensem por ela, desde que a ideia seja fácil. Renunciam a tudo por onde os guiavam antes pela mão e seguem a novidade. Fazem julgamentos definitivos sem o mais mínimo pensamento crítico. Não pensam, nem querem!
O doloroso e o difícil é pensar por si. Pensar, escolher é criar, é fazer nascer. E parir dói, Não há epidural que valha ao pensamento.
Neste nosso mundo ocidental, nesta sociedade do bem-estar, os que menos problemas têm são quem os inventa. Este cego seguir das opiniões de “especialistas” e de associações “especializadas”, abandonando a visão integrada e pluridisciplinar da vida e dos seus problemas, retira-nos a capacidade de tolerância e a de conceder os benefícios da dúvida e da reflexão.
Ou és do ideário maioritariamente ruidoso, ou autocensuras-te para parecer que és.
Esta censura latente altera a percepção permitida da realidade e condiciona a ficção. É perigosamente deformadora das inteligências das gerações seguintes a caminho de um puritanismo imaculado.
Como diria a estrela Rock argentina Andrés Calamaro, a liberdade a que se renuncia é incalculável.
E, desta vez, não há intelectuais, nem pensadores apoiantes da nova inquisição. A poucos importa, o que vale é seguir a massa.
O ocidente vai perdendo, assim o valor que lhe gerou criatividade e a riqueza: a Liberdade.
Beja, 1 de Abril de 2021
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