Antiga capital de um reino de taifas, Albarracín mantém a sua feição islâmica e medieval. A localidade, defendida por um imponente recinto fortificado, impõe-se na paisagem montanhosa da província espanhola de Teruel, em pleno território de Aragão. A urbe, classificada como património nacional de Espanha e uma referência patrimonial de escala mundial, excelentemente preservada e com uma atividade cultural e turística exemplar, vai ser palco, a 26 de Agosto, para a apresentação da 19.ª temporada do Festival Terras sem Sombra, este ano sob o tema “O que fica do que passa: Um breviário de resistência musical”.

A presença e apresentação do Festival Terras sem Sombra em Albarracín sublinha o carácter internacional e a matriz ibérica da iniciativa, ali consolidada por um marco geográfico, mas também cultural e simbólico, comum aos dois países, dada a presença próxima da nascente do rio Tejo. Curso de água soberano, de escala internacional, o Tejo, Tajo assim conhecido na vizinha Espanha, deambula por mais de 1000 km, assumindo-se como uma fronteira natural, mas também mental, do Além Tejo, dando o nome à mais vasta região portuguesa. Pretexto para uma visita, a 26 de Agosto, às 11 horas, às proximidades da nascente do maior rio Ibérico, num local célebre: a Fuente de García.

A apresentação do Festival Terras sem Sombra na vizinha Espanha culmina num momento maior, às 19h00, no auditório da Fundación Santa María de Albarracín, instalado na igreja de Santa Maria de Albarracín, monumento nacional. Oportunidade para apresentar uma temporada musical que, no presente ano, contou com o seu início em Maio último, no concelho de Ferreira do Alentejo, para se prolongar até Dezembro de 2023, num périplo cultural com intérpretes provenientes da Áustria, Bélgica, Espanha, Filipinas, Hungria, Itália, Polónia e República Checa, mas também de Portugal.

A 26 de Agosto, ao palco do auditório da Fundación Santa María de Albarracín vão subir dois músicos portugueses de exceção, a cujo talento a crítica especializada já se rendeu. Tessitori é um ensemble, dirigido por Isabel Pereira (violeta) e João Loureiro (guitarra), que tem vindo a projetar-se, um pouco por toda a Europa, a partir de Londres. Premiados a nível nacional e internacional, os dois músicos conheceram-se enquanto estudantes na Royal Academy of Music, da capital britânica, onde firmaram a sua robusta parceria. Cativados pela sonoridade única do ensemble de cordas, começaram a explorar as possibilidades do repertório, criando os seus próprios arranjos de obras celebradas, bem como peças originais e encomendas, em que transparecem as suas origens. Um sinal da “mudança de página” na música portuguesa que caracteriza o panorama artístico do nosso país ao longo da última década.

Em Albarracín, o Festival Terras sem Sombra apresenta um concerto subordinado ao tema “Cantos de España, desde Portugal”, numa viagem musical que se articula nas obras, entre outros, de Enrique Granados, Isaac Albéniz, Manuel de Falla, Pablo Casals e Joaquin Malats, numa perspectiva portuguesa de grandes referências da música espanhola da transição do século XIX para o XX.

Na apresentação do Festival Terras sem Sombra na vizinha Espanha, sublinhe-se a presença e participação de António Jiménez, diretor da Fundación Santa María de Albarracín, e Manuel Gracia Rivas, membro da Direção de Hispania Nostra e da Real Academia de la Historia, entidades com as quais o TSS vem a manter uma profícua colaboração.

O Festival Terras sem Sombra mantém uma colaboração regular, no plano musical, com instituições aragonesas de Saragoça e Teruel, há diversos anos, e realizou em 2022 o projeto “Sonotomia”, apoiado pelo programa Europa Criativa, da União Europeia, em que Albarracín teve papel de relevo. A iniciativa nesta cidade constitui uma consolidação desta presença e permite uma forte irradiação no âmbito espanhol.

A 19.ª temporada do Festival Terras sem Sombra prolonga-se de Maio a Dezembro, com uma programação que inclui os concelhos de Ferreira do Alentejo (13 e 14 de Maio), Castelo de Vide (27 e 28 de Maio), Mourão (24 e 25 de Junho), Beja (9 e 10 de Setembro), Santiago do Cacém (23 e 24 de Setembro), Odemira (14 e 15 de Outubro), Vidigueira (28 e 29 de Outubro), Arraiolos (11 e 12 de Novembro), Montemor-o-Novo (2 e 3 de Dezembro) e Sines (data a confirmar). 

Criado em 2003, o Festival Terras sem Sombra é uma iniciativa da sociedade civil que pretende dar a conhecer a um público alargado um território, o Alentejo, que sobressai pelos valores ambientais, culturais e paisagísticos e apresenta, em termos gerais, um dos melhores índices de preservação da Europa.

Fiel aos valores e à missão que o guiam desde a sua génese, o Festival mantém o carácter itinerante, a tónica na descentralização cultural, a formação de novos públicos, a inclusão e a sustentabilidade. A programação abrange concertos de música erudita, master classes, conferências, visitas ao património cultural e ações de salvaguarda da biodiversidade, todos de acesso gratuito.

Nas últimas temporadas, o carácter internacional do Festival tem-se consolidado com a participação de países convidados (v.g., Estados Unidos da América, Brasil, Espanha, Hungria, República Checa, Bélgica).

 

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.