O Programa de Sustentabilidade do Azeite do Alentejo (PSAA) é um projeto que junta a Olivum - Associação de Olivicultores do Sul e a Universidade de Évora (UÉ), com o apoio da empresa consultora Consulai.

A iniciativa, apresentada hoje em Évora, tem como principais beneficiários os produtores de azeite e os lagares da região e pretende contribuir para melhorar o desempenho ambiental, social e económico do setor.

“Queremos certificar aquilo que os produtores já fazem, nomeadamente ao nível do uso eficiente da água, da utilização de fitofármacos, da proteção do solo” e “ser criativos” quanto ao que “os olivicultores e os lagares ainda possam não fazer”, disse hoje à agência Lusa Gonçalo Almeida Simões, da Olivum.

O diretor executivo da associação explicou que o PSAA, com apoios comunitários através do programa operacional regional Alentejo2020, vai permitir elaborar um referencial sobre a sustentabilidade do setor no Alentejo, que deverá estar pronto até juho de 2023.

“A primeira fase”, a atual, “tem a ver com o referencial que queremos construir para que os agricultores possam implementar este programa de sustentabilidade” e, depois, seguir-se-á uma segunda fase, ainda a candidatar, que visará “a certificação” do setor, “por via de um selo”.

O programa, ‘inspirado’ no Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), pioneiro em Portugal e implementado há diversos anos - já começou inclusive a certificar os produtores -, vai arrancar com um diagnóstico da situação atual, sendo definido a seguir o referencial de sustentabilidade.

Maria Raquel Lucas, coordenadora do PSAA e que também liderou a equipa da UÉ que elaborou o PSVA, explicou hoje à Lusa que a ideia é “transportar a experiência no setor dos vinhos” para o do azeite, ajustando o programa “às especificidades” da cadeia de valor olivícola.

Na prática, o PSAA pretende ser “uma ferramenta de gestão para acompanhar e induzir os produtores e o tecido empresarial no caminho de um melhor desempenho económico, social e ambiental”, disse a professora do Departamento de Gestão da UÉ.

Além do diagnóstico do setor, a equipa vai estabelecer “um grupo piloto de 20 produtores” e “avaliar o seu patamar de sustentabilidade” atual, realizando depois um debate público.

O referencial para o setor vai estabelecer diversos patamares, de reduzido a elevado, para questões como o uso da água e de fitofármacos, a proteção do solo, a eficiência energética, a reciclagem de materiais ou a criação de emprego e fixação de valor económico no concelho ou região, entre muitos outros, referiu.

De adesão voluntária, o PSAA visa fomentar práticas sustentáveis desde o campo até aos lagares e à comercialização do produto, com o consequente “aumento do potencial económico do setor agroalimentar” e tornando “a agricultura e o setor mais sustentáveis”.

Tendo em conta as críticas de que o setor tem sido alvo nos últimos anos, nomeadamente por parte de ambientalistas, a professora e o diretor executivo da Olivum garantiram que o PSAA “não é uma manobra de marketing”, nem pretende fazer “uma lavagem ou branqueamento da situação”.

“Queremos seriamente perceber o que se passa na cadeia de valor e quais são os pontos críticos da sustentabilidade e como é que eles podem ser melhorados, para que o setor chegue mais longe”, ou seja, o que se quer “é viver a sustentabilidade, mais do que falar sobre ela”, disse Maria Raquel Lucas.


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