Trata-se do projeto de intervenção artística multidisciplinar “Malacate”, promovido a partir de uma cooperação transnacional entre a Companhia Cepa Torta, de Lisboa, a Câmara de Mértola, a artista Lise Wulff e a comuna de Røros, na Noruega.

Segundo os promotores, em comunicado enviado à agência Lusa, o projeto foi criado “especificamente” para aquela aldeia do concelho de Mértola, que tem um “marcante passado de exploração mineira”, do qual “é prova o edificado industrial de impressivo valor estético que ainda subsiste”.

Até junho de 2023, a aldeia é uma galeria de arte a céu aberto onde “mais de 20 artistas portugueses e noruegueses” vão criar e apresentar obras e “uma oferta cultural diversificada”, explicou hoje à Lusa Filipe Abreu, da direção artística do projeto.

“Não só no sentido mais óbvio de uma galeria de arte ao ar livre, mas como um espaço de criação cultural também”, frisou, referindo que haverá atividades que “deixarão marcas nas memórias das pessoas”, como espetáculos.

E também atividades que deixarão “marcas físicas e mais ou menos perenes”, como ‘workshops’ que irão originar obras de arte pública a instalar na aldeia, acrescentou.

Filipe Abreu apontou o exemplo de Lise Wulff, que promoveu um ‘workshop’ com a comunidade local e, depois, criou a escultura “Ninho”, inspirada numa espécie de andorinhão que faz ninhos na aldeia.

A escultura, “um ninho gigante com mais de três metros de diâmetro e dois de altura” e construído com tábuas de madeira, vai ser instalada e inaugurada na aldeia, no sábado, precisou.

“‘Workshops’ utópicos”, residências artísticas, instalação de arte de rua, oficinas de fotografia, teatro e dança, exposições, performances, espetáculos, sessões de histórias, conferências e visitas guiadas pelo património histórico e artístico da Mina de São Domingos são outras atividades previstas.

De acordo com os promotores, o projeto é “o vetor de um trabalho artístico contemporâneo e inovador, que surgirá do encontro” entre artistas e a população da aldeia.

O projeto “caracteriza-se como uma galeria performática a céu aberto, que, tal como o malacate”, - elevador existente nos poços de minas - “cria ligações entre a mina e o exterior, o escondido e o revelado, o passado e o contemporâneo e o real e a ficção”, explicaram.

“É a partir da natureza do lugar e das pessoas” da aldeia que os artistas vão desenvolver “uma oferta cultural diversificada de enorme potencial atrativo” e para vários públicos.

Nesta lógica, o projeto “anseia transformar-se num agente de regeneração territorial e comunitária”, afirmando a aldeia “como um lugar incontornável para fruição cultural à escala regional” e com “impacto” na atração de visitantes.

Também “anseia melhorar a qualidade de vida dos residentes e alargar os seus horizontes”, tornando a aldeia “um local de usufruto cultural único no país, a partir do seu potencial estético, que constitui um autêntico museu ao ar livre”.

O “Malacate” visa ainda “potenciar uma nova visão da Mina de São Domingos pela ação da prática artística”, criando uma “imagem contemporânea” e “não apagando o passado industrial”, mas “reocupando os diferentes espaços” da aldeia “com novas memórias e significados”.

O projeto vai implicar um investimento de 353 mil euros, cofinanciado pelo mecanismo financeiro plurianual EEA Grants, através do qual a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein apoiam financeiramente os Estados-membros da União Europeia com maiores desvios da média europeia do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, como Portugal.

 

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