PCP de Beja exige respostas do Governo sobre se fábrica da Embraer condiciona aeroporto
O PCP de Beja reclamou hoje esclarecimentos do Governo sobre se a possível instalação de uma fábrica da Embraer naquele concelho para a produção de aeronaves Super Tucano irá condicionar o aproveitamento civil do aeroporto local.
Em comunicado, a Direção da Organização Regional de Beja (DORBE) do PCP considera que a carta de intenção assinada entre o Governo e a construtora aeronáutica brasileira Embraer, que ‘abre portas’ à instalação de uma fábrica de aeronaves Super Tucano neste concelho alentejano, “levanta a legítima questão de um afunilamento do cluster aeronáutico na vertente militar”.
O que acontece, continua a estrutura comunista, “em contraposição com o necessário e possível investimento na aeronáutica civil, área que garante mais e maiores mercados e maior estabilidade produtiva ao longo do tempo”.
O PCP lembra que, ao longo dos anos, tem defendido, o investimento no ‘cluster’ aeronáutico na região, associado “ao aproveitamento e afirmação do Aeroporto de Beja como uma importante infraestrutura aeroportuária” regional e nacional.
Argumentando que a possível fábrica da Embraer dos Super Tucano será destinada, “sem se saber exatamente em que moldes, exclusivamente à produção de um modelo de aeronaves militares”, a DORBE assinala que já existem outras unidades fabris no Alentejo relacionadas com a aeronáutica militar, como é o caso da produção de drones em Ponte de Sor, no distrito de Portalegre.
De acordo com o PCP, a fábrica em Beja, associada a notícias sobre a possibilidade de “um novo campo de Tiro da Força Aérea Portuguesa passar para terrenos nos concelhos de Mértola e Serpa”, suscita “legítimas dúvidas sobre as futuras condições de utilização do Espaço Aéreo na região Alentejo para a aviação civil”.
“Perante o silêncio do Governo relativamente ao aproveitamento e potenciação do Aeroporto de Beja como uma importante infraestrutura aeroportuária civil para a região e para o país, o PCP entende ser necessário que o Governo esclareça se a decisão agora tomada põe em causa e/ou condiciona tal projeto há tanto reivindicado pelas populações do Alentejo”, exige a DORBE.
O Aeroporto de Beja, acrescenta o PCP, “tem todas as condições, se houver vontade política”, para conseguir “afirmar-se como um importantíssimo instrumento potenciador do desenvolvimento do turismo na região”.
O PCP defende ainda que “é igualmente fundamental para o desenvolvimento de uma estratégia integrada de aeronáutica, carga, parqueamento, manutenção e transporte de passageiros, a par com o desenvolvimento de uma fileira industrial e a criação de uma plataforma logística que facilite o escoamento de produtos da região”.
A carta de intenção para a abertura de uma fábrica de aeronaves Super Tucano foi assinada, na quarta-feira, pelo ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, e pelo presidente e CEO da Embraer, Bosco da Costa Júnior, numa cerimónia realizada nas instalações da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, em Alverca, distrito de Lisboa.
Contactado pela Lusa, na quarta-feira, o presidente da Câmara de Beja, Nuno Palma Ferro (PSD/CDS-PP/IL) considerou que este projeto será “um motor de desenvolvimento”, capaz de atrair trabalhadores qualificados e empresas da indústria militar para o concelho.
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