Foto: O ATUAL

Em declarações aos jornalistas em Beja, depois de ter participado num comício da CDU para as europeias, Paulo Raimundo foi questionado sobre como é que o PCP pretende combater o Chega no Alentejo e no Algarve, em particular no que se refere à imigração, após ter ficado atrás daquele partido nestas duas regiões nas últimas legislativas.

“Sabe que o problema do Chega é que está a marimbar-se para a imigração. O que o Chega quer é manter esta conversa, potenciando até a imigração ilegal. Esse é que é o grande problema”, disse.

O líder comunista defendeu que, perante o discurso do Chega sobre imigração, “é preciso parar com os paninhos quentes sobre esta matéria”.

“O que o Chega quer é manter a imigração ilegal, porque a imigração ilegal é a melhor forma de puxar para baixo direitos dos trabalhadores ilegais primeiro, e depois vêm os outros”, advertiu.

Paulo Raimundo reconheceu que o partido precisa de “dar a volta” nestas duas regiões do país, e está a “trabalhar nisso”, mas garantiu que, para o conseguir fazer, não vai “vender a alma ao diabo”.

“Não nos apanham a mentir, a fazer falsas promessas. Vamos ao confronto e à conversa com a razão e a verdade que temos, sem mentiras, demagogias, hipocrisias, cinismos. Para isso, já há tantos partidos”, disse.

Antes, durante o seu discurso no Jardim Público de Beja, Paulo Raimundo criticou “quem vem agora apelar a consensos políticos”, numa alusão a declarações do Presidente da República que, na quarta-feira, pediu diálogo entre o Governo e a oposição para viabilizar o Orçamento do Estado.

“O problema que o país enfrenta não tem a ver com a falta de consensos políticos, pelo contrário: foram os consensos políticos naquilo que é fundamental entre PS, PSD, Chega e IL foram e são esses consensos políticos que nos trouxeram à situação em que nos encontramos”, criticou o líder comunista

Paulo Raimundo considerou que o consenso desses partidos serve “para quem tudo pode e é negócio - a saúde, a habitação, o ambiente, a natureza, a água, a morte, o armamento e a guerra” -, mas não serve “o povo, os trabalhadores e o país”.

“O que é urgente e necessário não é acentuar estes consensos, é romper com estes consensos cínicos, hipócritas e contra a Constituição da República Portuguesa”, afirmou.

Depois, em declarações aos jornalistas, questionado se estas declarações foram uma resposta a Marcelo de Rebelo de Sousa, o líder do PCP respondeu: “É uma resposta a todos aqueles que apelam a consenso”.

O líder do PCP considerou contudo que a declaração de Marcelo Rebelo de Sousa foi “um bocadinho despropositada” e, apesar de considerar que os consensos “são importantíssimos”, disse que o problema são que os atuais “são sempre no mesmo sentido”.

“É o consenso das mãos largas para uns poucos e o consenso do apertar à vida à maioria”, disse, reiterando que não “apoia nem partilha” o apelo feito pelo Presidente da República.

“O problema não é a forma, é o conteúdo. O senhor Presidente da República está a pedir um consenso em torno do quê? É para aumentar salários, reformas e pensões, é para reconstruir o SNS? Estamos lá na primeira linha para esse consenso. Só que a gente sabe que não é isso”, disse.

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