Esta tendência contrasta com o que se verificava na primeira década do século XXI quando se observava a forte presença de profissionais dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), preponderância substituída pelos trabalhadores da União Europeia, com destaque para os espanhóis que representam cerca de um terço dos recursos humanos estrangeiros do Ministério da Saúde.

A maioria dos recursos humanos de nacionalidade estrangeira do Ministério da Saúde, na última década, teve proveniência de Espanha (33% em 2011, diminuindo gradualmente para 19,6% em 2022), Brasil (13,5% em 2011, aumentando gradualmente para 24,9% em 2022,) e Angola (de 8,2% em 2011 para 8,6% em 2022).

Em 2021 e 2022 aumentaram os recursos humanos estrangeiros que trabalham no Ministério da Saúde, no total de 3.958 em 2021 e de 4.055 em 2022 (representando 2,7% do universo de recursos humanos do SNS), recuperando face à descida que era registada desde 2004, ano que teve o maior número de efetivos (4.490) e a maior importância relativa no total de recursos humanos do Ministério da Saúde (3,5%).

Os médicos estrangeiros representaram 5,8% em 2021 e 5,6% em 2022 do total de médicos do SNS, enquanto os assistentes operacionais estrangeiros representaram 4% em 2021 e 4,3% em 2022 do total de assistentes operacionais do SNS, aumentando a sua importância relativa.

Já os enfermeiros estrangeiros diminuiram para metade dos registados há duas décadas e mantiveram a importância relativa assumida desde 2015, representando 1,3% dos enfermeiros do Ministério da Saúde.

Os recursos humanos estrangeiros do SNS são principalmente médicos - que em 2015 representavam 62% do total, embora perdendo importância relativa em 2022 quando representavam 43% -, num total de 1.729 em 2022.

Os médicos são seguidos pelos assistentes operacionais estrangeiros (1.312 em 2022), pelos enfermeiros estrangeiros (677) e pelos recursos humanos estrangeiros em outras profissões do Ministério da Saúde (337).

O número de assistentes operacionais de nacionalidade estrangeira do Ministério da Saúde tem aumentado significativamente na última década - de 413 em 2011, 1.071 em 2020, 1.243 em 2021 e 1.312 em 2022 -, ultrapassando desde 2019 o número de enfermeiros estrangeiros integrados no SNS.

Já os efetivos médicos estrangeiros diminuíram em 2020 para 1.256, menos 584 do que no ano anterior, representando o número absoluto mais baixo da última década, mas recuperaram em 2021 e 2022 para 1.747 e 1.729, respetivamente.

“Portugal, por comparação aos restantes países da OCDE, está longe de se assumir como um destino preferencial da migração de profissionais de saúde”, lê-se no documento do Observatório das Migrações.

Entre as causas foram identificadas dificuldades relacionadas com a situação de sobrequalificação no mercado de trabalho nacional, por via de pedidos de reconhecimento de graus académicos estrangeiros no domínio da saúde e de programas de formação complementar já em contexto português.

Se os imigrantes têm assumido um papel enquanto prestadores de cuidados de saúde, nomeadamente para suprir carências ao nível da oferta de profissionais de saúde, os portugueses mostram conforto sobre o cenário de o imigrante ser o médico do serviço de saúde, segundo inquiridos do Eurobarómetro Especial sobre integração de imigrantes na União Europeia (2017 e 2021).

Nesse estudo, entre os 27 Estados-membros da União Europeia, Portugal surgiu na quarta posição (ao lado do Luxemburgo e Espanha) dos países mais favoráveis neste indicador, com 92% dos inquiridos a declararem sentir-se confortáveis em ter um médico imigrante (55% totalmente confortáveis e 37% tendencialmente confortáveis), apenas 5% tendencialmente desconfortáveis e 1% totalmente desconfortáveis.

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.