“Pedi ajuda à GNR e aos bombeiros para nos socorrerem porque percebi que íamos arder. Tivemos de sair do espaço por volta das 13:00 de segunda-feira e à 17:30 estava desesperada sem noticias e fui por montes e vales e vi que a casa principal estava a arder e não havia um único bombeiro”, explicou Luisa Botelho, em declarações à agência Lusa.

A proprietária do alojamento localizado em Vale Juncal adiantou que chegou a pedir aos operacionais que estavam com três carros de bombeiros na estrada para ajudarem, mas que lhe responderam não terem ordens para isso.

Cerca de 80% da unidade, adiantou, acabou consumida pelas chamas apesar dos insistentes pedidos de ajuda que afirma ter feito no sentido de evitar este desfecho.

Luísa Botelho diz não entender porque não foi socorrida quando a 500 metros do local as corporações de bombeiros estiveram a proteger o hotel Enigma das chamas.

Durante os dois primeiros dias em que o incêndio lavrava no concelho de Odemira, explicou, a situação esteve mais ou menos tranquila, mas os ventos mudaram de direção e o Teima acabou por ser atingido.

Na página do alojamento Teima no Facebook, os proprietários deixaram uma mensagem aos clientes a relatar o caso.

“É com um enorme desgosto que vos venho contar que a nossa Teima hoje foi consumida pelas chamas. Talvez uma das casas resista. Ainda não sabemos. Não houve um bombeiro a defender-nos. Estiveram no hotel Enigma (mesmo ao lado) que até esteve mais perto do que nós e salvaram-no. De nós ninguém se lembrou, apesar dos meus insistentes telefonemas com pedidos de socorro. A nossa tristeza e revolta é incomensurável. Vamos ter de fechar por uns meses”, escreveram.

Na unidade existiam vários animais que, segundo Luísa Botelho, foram protegidos.

“Levámos os cães e os gatos e abrimos os portões para os burros e as cabrinhas fugirem. Estão todos bem”, disse.

Reconhecido com o Prémio Travellers Choice 2021 da TripAdvisor e eleito como Melhor Turismo Rural de Portugal em 2017 e Melhor Turismo Rural do Alentejo em 2019, o Teima Alentejo SW está localizado numa propriedade com cerca de 80 mil metros quadrados em Vale Juncal.

O incêndio, que deflagrou no sábado em São Teotónio, concelho de Odemira, era ao início da tarde de hoje o mais preocupante, com uma área ardida de cerca de 7.000 hectares.

Mais de 1.000 operacionais estão hoje à tarde a combater o incêndio, sendo apoiados por 338 veículos e nove meios aéreos, segundo a página da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), consultada pela agência Lusa às 17:40.

De acordo com informações prestadas pela ANEPC às 13:10, há registo de 40 pessoas assistidas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) na sequencia do incêndio.

Noutro briefing realizado às 09:30, no posto de comando, o comandante regional de Emergência e Proteção Civil do Alentejo, José Ribeiro, referiu não haver até àquela hora a confirmação de casas destruídas, acrescentando que o trabalho de validação e verificação seria feito ao longo do dia.

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