“Durante muitos anos, a olaria foi a grande atividade de Melides e o Francisco [Mestre] foi o último oleiro [de Melides] em atividade que, depois de se reformar”, ainda colaborou com o município “para não deixar morrer esta tradição”, explicou à agência Lusa o presidente da Câmara de Grândola, António Figueira Mendes.

De acordo com o autarca, na antiga Olaria de Melides, encerrada há vários anos, foi agora instalado o mais recente núcleo museológico de Grândola que mantém “a casa onde o oleiro morava e o [antigo] forno”, onde o artesão criava as suas peças.

Na envolvente do espaço foram construídas duas oficinas de cerâmica, com quatro rodas de oleiro, “onde vão trabalhar três ceramistas” em permanência, “com [recurso] a outras tecnologias” para dar “continuidade e manter viva esta tradição”, “aliada à liberdade criativa”, adiantou.

Segundo o município, em comunicado, o Núcleo Museológico da Olaria de Melides, um investimento de 650 mil euros, “pretende documentar, proteger e divulgar os testemunhos materiais e imateriais da atividade que se desenvolveu em Melides, pelo menos desde o século XVII”.

O novo museu, que abriu ao público, inclui “cinco espaços expositivos, integrados na casa do oleiro, oficina e forno”, onde os visitantes têm oportunidade de conhecer “a história da olaria”, a “forma tradicional de preparar e modelar o barro”, assim como “os últimos oleiros” de Melides, revelou.

“Durante a visita será apresentado um documentário sobre as origens e a evolução da aldeia até ao século XX e poderão ser utilizados diferentes equipamentos tecnológicos, com jogos e informações sobre a temática da olaria e o património da freguesia”, acrescentou a autarquia.

Ainda de acordo com António Figueira Mendes, o Núcleo Museológico da Olaria de Melides passa a integrar o Museu Municipal Polinucleado, um projeto de abrangência concelhia que o município de Grândola tem vindo a desenvolver nos últimos anos “visando a salvaguarda do património e da memória coletiva”.

“[Além do Museu da Olaria] Já contamos com o Museu de História e Arqueologia e com a Casa Mostra de Produtos Endógenos, ligada à vinha”, explicou o autarca, prevendo, “até ao final do ano”, a abertura ao público do Museu de Etnografia e do Núcleo da Liberdade.

“Estimamos em cerca de quatro milhões de euros, a conclusão deste projeto, tendo em conta a recuperação dos edifícios e toda a sua musealização, o que tem custos muito elevados”, observou.

A aposta nestes cinco núcleos museológicos, ligados à Rede de Museus Nacionais, “constitui uma atratividade para o concelho de Grândola” e permite tirar partido dos turistas que visitam a região, "para que as pessoas possam usufruir de todas as ofertas culturais e pontos de interesse”, concluiu.


Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.