Os “enterramentos humanos”, datados dos séculos XIII e XIV, foram descobertos “no interior da Capela do Tesouro, local onde seriam enterrados os Cavaleiros da Ordem de Santiago”, avançou à agência Lusa a arqueóloga da Câmara de Alcácer do Sal, Rita Balona.

Segundo a arqueóloga, já se sabia que, “muito provavelmente”, haveria sepulturas de cavaleiros freires desta ordem militar no interior da capela funerária, mas o espaço “nunca tinha sido escavado”.

Em comunicado, o município deu conta dos achados e lembrou que esta “ordem militar foi importantíssima para a reconquista Cristã de Portugal, tendo a cidade de Alcácer do Sal sido escolhida para os cavaleiros se fixarem”.

“Sempre se soube da importância do local e da possibilidade" de serem encontrados "achados relevantes”, tendo a “construção desta capela, no século XIII”, servido “para enterrar os Cavaleiros da Ordem de Santiago”, assinalou.

De acordo com Rita Balona, esta é a “primeira vez, em Alcácer do Sal, que se escava esta época tão importante para o período pós-reconquista”.

Durante os trabalhos arqueológicos, que tiveram início em fevereiro deste ano, foram encontradas “duas zonas distintas” no interior da capela situada no Santuário do Senhor dos Mártires, considerado “o primeiro Panteão da Ordem de Santiago”.

Na primeira zona, “onde aparecem os enterramentos dos séculos XIII e XIV”, a equipa identificou “quatro esqueletos”, do sexo masculino, “com marcas nos ossos” que evidenciam “algum desgaste físico e, muitos até, alguma violência”.

“São homens já adultos, com alguma idade, e um deles terá sido decapitado [e enterrado] sem mãos”, indicou.

Numa outra zona da capela, foram encontrados enterramentos “de cavaleiros mais tardios, dos séculos XV e XVI”, assim como de “famílias nobres ligadas à Ordem de Santiago que continuaram a ser enterradas” neste local.

“Daqui já retirámos três bebés, uma criança e um ossário, num total de quatro enterramentos, mas continuam a aparecer mais”, adiantou.

De acordo com a responsável, por se tratar de “uma zona funerária”, foram encontrados vários objetos, como “anéis, alguns botões, um crucifixo, alfinetes que seriam usados nas mortalhas”, que permitem “datar os enterramentos”.

Foram ainda encontradas “cerâmicas e azulejos medievais, moedas de vários reis e até madeira e vestígios de tecido”, precisou o município. 

Os esqueletos encontrados durante as escavações estão a ser estudados por uma antropóloga do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

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