Sob proposta da Associação da Calçada Portuguesa, o processo de inventariação foi aberto no dia 09 de março deste ano. Dez dias depois, foi apresentada, em Lisboa, a candidatura da inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, transmitida ‘online’, pelo secretário-geral da Associação da Calçada Portuguesa, António Prôa, que começou por identificar as ameaças e as oportunidades com que a calçada portuguesa se depara.

A diminuição de mestres calceteiros, a falta de manutenção e a má construção, a forte concorrência de outro tipo de pavimentos e o declínio das indústrias extrativa e de transformação da pedra foram as principais ameaças identificadas.

A título de exemplo, António Prôa referiu que em 1927 existiam na cidade de Lisboa 400 calceteiros, enquanto em 2020 esse número era de apenas 18, sendo que só estavam 11 no ativo.

O fraco reconhecimento social e remuneratório da profissão foi a principal justificação para esta diminuição.

O também deputado municipal de Lisboa admitiu, na altura, que o objetivo final será, a curto prazo, apresentar na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) uma candidatura da calçada portuguesa a Património Cultural Imaterial da Humanidade, à semelhança daquilo que sucedeu com o fado.

“A arte de calcetar é milenar, mas a produção de Calçada Portuguesa inicia-se como uma técnica específica na primeira metade do século XIX, em Lisboa, onde se desenvolve e ganha expressão em quantidade e qualidade extraordinárias, expandindo-se por todo o país e por vários continentes, como um traço indiscutivelmente marcante da matriz não só lisboeta como nacional”, pode ler-se na ficha de património imaterial.

O mesmo texto realça que esta arte, “caracterizada pelo caráter pré-industrial, pela beleza estética, durabilidade, sustentabilidade económica e ecológica”, tem ainda uma dimensão social: “os calceteiros, os extratores da pedra e os peões que nela pisam, tantas vezes sem a ver condignamente”.

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