Atual vereador sem pelouro, neste mandato de maioria socialista, e antigo vice-presidente, na anterior gestão CDU (2013 a 2017), define-se como “um construtor de sorrisos e motivações” e, em conversa com a agência Lusa, não consegue esconder a sua forte tendência para interagir com os outros em todas as situações.

”Este projeto está alicerçado no contacto direto com a população, com os trabalhadores, os jovens, procurando ativamente, com a sua ação, contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população. Esses são os alicerces para a construção da alternativa política de que Beja precisa”, refere.

O projeto, de resto, remete para aquele que elege como um dos livros da sua vida, “O Principezinho”, de Saint-Exupéry, que diz revisitar “várias vezes”.

“Há uma passagem muito interessante que diz: o que é que quer dizer cativar? É uma coisa muito esquecida. Significa criar laços. […] As pessoas, quando se sentem vinculadas, contribuem ativamente para dar resposta às questões [a] mudar na sua freguesia, bairro, concelho, cidade”, compara Vítor Picado, 44 anos.

Na conversa com a Lusa, o tal “vício” em pessoas está sempre presente no seu discurso - por exemplo, quando indica a "prioridade às pessoas e ao bem-estar social", a "afirmação da cidade e do concelho” e a "melhoria dos serviços do município" como pontos fortes da sua candidatura.

Ou quando explica que dar “formação pedagógica inicial de formadores” é uma atividade que lhe dá “imenso prazer, porque permite estar em contacto com inúmeras pessoas”, assim como “aprender com elas” e colocar-se a si mesmo “à prova”.

“Enquanto eu ensinava pedagogia e como estar em frente a um grupo, eles ensinavam-me muitas coisas das suas áreas de formação e eu procurava perceber como é que nós conseguimos, em tão pouco tempo, transmitir às pessoas o essencial”, assinala.

E é talvez a meio da conversa que faz a ‘confissão’: “Preciso do meu espaço, como toda a gente, mas sou viciado em pessoas. No sentido de sentir essa energia das pessoas. Nas formações e no contacto com as pessoas, é natural que absorvamos essa energia”, admite o formador.

“Alentejano convicto”, procurou sempre, ao longo da vida, “não perder o castelo de vista, como se diz em Beja”, mantendo-se “ligado às pessoas” da terra.

Assume, no entanto, uma “falha enquanto alentejano”, que é a falta de um canivete no bolso quando, nos tempos livres, procura estar com amigos, geralmente à volta de uma mesa.

“Não gosto de andar com muitas coisas no bolso. Não uso carteira, tenho apenas um [cartão] multibanco e o dinheiro de que preciso. Tenho um canivete, que até é bom, por sinal, mas quando preciso dele não o tenho à mão”, lamenta.

A contragosto, Vítor Picado aceita o desafio da Lusa e elege como virtude a “capacidade de ‘calçar os sapatos’ do outro”. Como defeito, aponta o de tornar-se “chato”.

“Quando gosto, gosto muito e às vezes posso tornar-me chato, no sentido de preocupar-me com a pessoa. Gosto muito de brincar, de ‘atrofiar’ pessoas, de abraçar, de apertar e torno-me chato. E repito muitas vezes a mesma conversa. Não sei se para vincar, mas quando as coisas me empolgam dou por mim a repetir as mesmas coisas”, admite.

A música ocupa “um espaço muito importante” na sua vida, sobretudo a que “transmita alguma mensagem”, desde logo a de José Afonso e José Mário Branco, assim como “a garra, a energia e o sentir da Mariza”.

No entanto, os Pearl Jam são a sua banda favorita “desde sempre”, pela energia e mensagem, mas também pela “melancolia, quando tem de ser”.

“Vi-os no Dramático de Cascais [em 1996], em miúdo, vestido a rigor. Durante uma série de anos, interpretei o estilo ‘grunge’, de Seattle, na minha forma de vida. Ainda há pouco tempo mostrava uma foto minha, de cabelo comprido, e as pessoas não me reconheciam. ‘Mas tu eras assim?’ Sim, eu sou tudo isto”, relata.

O atual executivo municipal é constituído por quatro eleitos do PS e três da CDU.

Segundo a lei, as autárquicas decorrem entre setembro e outubro.

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