O presidente da ACOS, Rui Garrido, entidade promotora da Ovibeja revela que depois de muito ponderar, a direção tomou a decisão de não convidar formalmente a ministra da Agricultura para visitar a feira, “tendo em atenção o descontentamento generalizado dos agricultores, bem patente nas várias manifestações realizadas neste último mês, nas quais a ACOS tem participado ativamente”.

De fora fica também António Costa, segundo Rui Garrido “como o primeiro-ministro também não ouve a contestação dos agricultores e teima em manter no governo uma ministra sem qualquer peso político e sem competência para o lugar. Naturalmente que, perante uma postura desta índole, não faz, igualmente, sentido, convidar o Senhor Primeiro-Ministro e por consequência, outros membros do atual governo.”

De acordo com Rui Garrido, “nós temos muitas críticas a este governo, os problemas têm-se vindo a avolumar de há alguns meses a esta parte. Por exemplo, o desmantelamento do Ministério da Agricultura, que já vem de trás, a integração de alguns serviços nas CCDRs, que nós consideramos que não faz qualquer sentido. Não sabemos se essa ideia vem da ministra da Agricultura ou se se deve à sua falta de peso político e de influência, mas ela é que é a responsável por este ministério e se não concorda com uma medida que eventualmente lhe possa ser imposta, deveria demitir-se. Seria o que eu faria.”

O presidente da ACOS salienta também a questão do PEPAC que, considera, importantíssima. Rui Garrido questiona “alguma vez se ouviu falar que um PEPAC, acabado de negociar e a ser iniciada a sua implementação, precisa já ser alterado? É a primeira vez que ouvimos isto desde que entrámos para a comunidade. Porquê? Houve uma pressa tremenda para sermos os primeiros a ter o PEPAC pronto em Bruxelas para ser aprovado. E agora chegamos à conclusão de que está perfeitamente desajustado. O sector receberá muito menos dinheiro do que recebia anteriormente. Vamos ter de cumprir as mesmas regras do Greenning (Pacto Ecológico Europeu) sem ter qualquer benefício. Por isso, para Rui Garrido “tudo isto está perfeitamente desajustado e vai ter de ser remodelado. Isto é fruto, mais uma vez, de desorganização e de incompetência.”

Nesta entrevista disponibilizada pela ACOS, Rui Garrido aborda também a questão da seca e afirma que “com a seca brutal que tivemos no ano passado, associada a aumentos extraordinários dos fatores de produção, foram muitas as vezes que pedimos uma ajuda direta, sempre sem êxito. Os nossos vizinhos espanhóis tiveram este tipo de ajudas diretas à seca, nós não. Quando falávamos à ministra da agricultura sobre as ajudas à seca, ela respondia-nos sempre com milhões, que nunca chegámos a ver, e dos quais estamos fartos de ouvir falar. No que diz respeito às ajudas compensatórias do aumento dos fatores de produção, devido à guerra, já os espanhóis vão no segundo ou terceiro pacote e nós, só há pouco tempo recebemos um pacote, e muito diminuto.”

Num tom muito critico, o presidente da ACOS afirma ainda que “a senhora ministra não fala com as nossas associações, não nos consulta, não nos ouve” e defende  “nós precisamos de ministros, secretários de estado, dirigentes que falem connosco, que oiçam as nossas opiniões, como forma de conhecerem a nossa realidade. Este será o tipo de ministro que necessitávamos e que gostaríamos de ter. Esta não é a nossa ministra. Nós precisamos de um ministro/a que considere as nossas propostas e esteja atento às necessidades dos agricultores.”

FOTO: Ministra da Agricultura na Ovibeja 2022

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