"Mulheres com H" com Maria Victoria Navas

Maria Victoria Navas é uma professora catedrática discreta, que se apresenta como linguista, especialista nas áreas de Dialectologia e Diacronia. Seguidora dos trabalhos exploratórios de José Leite Vasconcelos, em Barrancos, aceitou o desafio do Mestre Lindley Cintra para estudar o Barranquenho nos anos 80 e daí para cá tem sido a responsável científica por não deixar perder esta língua, que resulta das duas fronteiras e que preserva muito daquilo que é a tradição de Barrancos e das suas gentes.

Entre centenas de questionários, registos escritos e áudio, Maria Victoria Navas é uma espécie de guardiã deste tesouro do Baixo Alentejo e tem um percurso que a todos nos deve orgulhar, pois é ela, a sua equipa, a Universidade de Évora e o Município de Barrancos que têm tentado manter linguisticamente vivo o Barranquenho e é disso que conversamos no Mulheres com H.

Manter viva uma língua e criar os documentos base para que seja reconhecida como tal (uma norma linguística, uma gramática e um dicionário) não é tarefa pequena, nem é tarefa insignificante, bem pelo contrário e esta mulher fá-lo com enorme gosto e carinho por Barrancos e pela diacronia desta língua que me explicou na conversa ser o resultado da fronteira que aproxima os povos e do isolamento que esses mesmos povos têm do restante território.

Sabe que se nada acontecer o Barranquenho vai definhando, tal como a população se reduziu nestas décadas, mas não desiste, porque esta tarefa que “herdou” de José Leite Vasconcelos é fundamental para todo um território, mesmo que guarde alguma dúvida sobre porque é que os próprios Barranquenhos não participam tanto quanto seria de esperar.

Maria Victória Navas mantém a esperança de o Barranquenho vir a ser a 3ª língua oficial do nosso país.

Com esta conversa chegamos ao fim das 22 conversas programadas.

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